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Revista TecnoAlimentar

A Giardíase

A giardíase é uma infeção alimentar provocada por um parasita protozoário que afeta o trato intestinal de quase todos os animais, incluindo o Homem. A transmissão deste protozoário é feita pela via feco-oral, nomeadamente pela ingestão de alimentos (sobretudo água) contaminados. As boas práticas de higiene, nomeadamente alimentar, são fundamentais para a prevenção desta parasitose.

Giardíase

Por: Zita Martins Ruano, Margarida Martins, Bruna Marques, João Alexandre, Soraia Barreiro e Teresa Letra Mateus

Os sintomas podem passar por diarreia, perda de peso, náuseas, entre outros mais ou menos graves dependendo do estatuto imunitário do hospedeiro. 

Etiologia

Os parasitas do género Giardia são protozoários que pertencem ao filo Sarcomastigophora, caracterizado por parasitas com um núcleo vesicular, flagelose não formadores de esporos (Samuel etal., 2001). As espécies que podem infectaro Homem são G. lamblia, G. intestinalis G. duodenalis (Ford, 2005).

O protozoário flagelado Giardia duodenalis é o principal agente etiológico da giardíase e provoca uma das infeções gastrointestinais mais comuns dos mamíferos, incluindo o Homem, com distribuição mundial (Xiao et al., 2015). Esta espécie tem sete genótipos, de A a G, sendo que apenas o A e B são considerados zoonóticos (Xiao e Fayer, 2008).

Epidemiologia

Este protozoário pode infectar diferentes animais desde animais domésticos (cão, gato, entre outros) até animais de interesse pecuário (ruminantes), animais silvestres e o Homem. A alta prevalência em algumas espécies de aves pode levantar preocupações com a saúde pública, já que as aves se deslocam rapidamente, agregam- se em torno da água e geralmente têm grande proximidade com o Homem.

Ratos e ratazanas são espécies consideradas capazes de infectar a maioria dos outros animais selvagens e domésticos (Samuel et al., 2001).

Em contrapartida, pouco se sabe sobre a ocorrência de Giardia spp. em alimentos, devido às dificuldades na investigação de casos e à falta de métodos padronizados para a deteção de Giardia spp. nestes (Xiao et al., 2015).

Num estudo realizado por Elsheikha et al. (2018), foram identificados diversos alimentos contaminados com cistos de Giardia spp., como é o caso das frutas (morangos), vegetais (como alface, rebento de feijão e rabanete), moluscos e ostras, o que é preocupante do ponto de vista da saúde pública visto que estes produtos são frequentemente consumidos crus, isto é, sem processamento térmico.

Muito do nosso conhecimento sobre Giardia spp. deriva das investigações de surtos, enquanto poucos se concentraram na giardíase endémica ou esporádica (Xiao et al., 2015). Os surtos ocorrem frequentemente pela via hídrica (Samuel et al., 2001) e afectam sobretudo crianças com menos de cinco anos de idade (Robertson et al., 2010).

Ocorreu em Bergen (Noruega), no ano de 2004, o maior surto conhecido com um total de 1300 casos confirmados, e que se acredita ter resultado de um despejo de esgoto numa área residencial com drenagem em direção à fonte de água.

A capacidade do parasita persistir no ambiente aquático é de muita importância para a transmissão da infeção, uma vez que os cistos podem sobreviver por meses em águas frias. Além disso, estes são relativamente resistentes aos tratamentos de água, particularmente em baixas temperaturas e elevado pH (Xiao et al., 2015).

Alguns estudos mostram que pacientes imunocomprometidos, nomeadamente os infetados pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH), apresentam alto risco para a infeção por parasitas do género Giardia (Adamu et al., 2013; Sanyaolu et al., 2011) e Faria et al. (2017), concluíram que existe uma associação positiva entre a infeção por parasitas do género Giardia e os pacientes infetados pelo VIH.

Continua

Nota: Artigo publicado na edição impressa da TecnoAlimentar 20.

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