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Revista TecnoAlimentar

Segurança dos alimentos em tempo de Covid-19

Tendo presente o surto pandémico de que fomos, e ainda estamos a ser alvo, com impacto generalizado nas diferentes geografias a nível mundial, importa dar nota que, pese embora o novo coronavírus não ser transmissível pelos alimentos, o mesmo deve convocar um particular e redobrado cuidado nas nossas rotinas. Exige-se, por isso, um especial reforço das medidas de higiene e limpeza, mitigando os riscos de eventual concentração de vírus e, dessa forma, diminuir a probabilidade de contaminação.

Alimentos

Por: Filipa Melo de Vasconcelos, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE)

A produção científica nestes últimos meses sobre os coronavírus tem sido extraordinária e, de acordo com o Conselho Científico da ASAE, em nota emitida “Pode o novo tipo de coronavírus ser transmissível através da comida?” (ASAE, 2020), aquando da declaração do Estado Nacional de Emergência, a mesma veio vaticinar que “não existe evidência de qualquer tipo de contaminação através da ingestão de comida cozinhada ou crua”.

Contudo, tal nota chama a atenção de que o que está comprovado é a eficiência dos procedimentos de limpeza e higienização das superfícies e dos manipuladores para a redução das concentrações das populações de vírus, mitigando-se assim os factores de viabilidade de contaminação, em linha com o parecer da Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA) que, até à presente data, não identificou ou autorizou qualquer alegação de saúde a um alimento ou componente que seja considerado adequado para prevenção deste vírus (EFSA, 2020).

Na presente data (13 de julho de 2020), com base no WORLDometerCOVID19, o mundo regista já 13 049 461 casos confirmados de Covid-19, registando 571 812 mortos e 7 592 333 recuperados, com uma média de cerca de 209 110 novos casos diários. Os EUA lideram o número de casos registados, com mais de 3,4 milhões, seguidos pelo Brasil com mais de 1,8 milhões de casos e maior número de mortes diárias. Em Portugal, registam-se já mais de 46 000 casos confirmados e 1 606 óbitos.

A preocupação sobre o coronavírus (SARS-CoV-2) e a doença respiratória a ela atribuída (Covid-19) foi subindo de tom e veio a revelar a necessidade da declaração de surto pandémico de expressão mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Importa a este propósito voltar ao Conselho Científico da ASAE e salientar os aspetos vertidos em tal nota supracitada, e em particular os que se referem à probabilidade da transmissão do vírus através da comida e o que devemos fazer para prevenir a contaminação.

Assim, no que concerne à preparação, confecção e consumo de alimentos destaca-se a importância do reforço de boas práticas de higiene que já antes da pandemia eram recomendadas. Neste sentido, o rigoroso cumprimento dos programas de pré-requisitos e de HACCP estão cada vez mais na ordem do dia e tornam-se verdadeiramente mandatórios.

Igualmente oportuno é referir o documento que a Comissão Europeia (CE), através da DG-SANTE elaborou com o contributo dos Estados-Membros – Covid- 19 and Food Safety: Questions&Answers – e que, de forma muito clara, dá respostas e recomendações quanto a questões relativas ao vírus e como se este relaciona com os alimentos quer ao nível da produção, quer nos estabelecimentos comerciais ou em casa dos consumidores (Comissão Europeia, 2020).

Incidentes ou eventos que possam a escalar a crise põem em evidência as vulnerabilidades de qualquer sistema que se quer robusto e resiliente para assegurar a confiança e a restauração do ponto inicial. No caso concreto, alude-se a sistemas de segurança alimentar que dêem a garantia de alimentos seguros e disponíveis a quem deles necessita.

A crise do coronavírus sublinhou a importância de um sistema alimentar que consolide a capacidade dos Estados-Membros na gestão e comunicação destes eventos – quer através do reforço dos instrumentos de internacionalização que incrementa a eficiência técnico-científica e laboratorial nos domínios da avaliação dos riscos, assim como, do uso de tecnologias de informação e comunicação que melhorem uma eficaz comunicação dos riscos na cadeia alimentar. E por fim, mas não menos importante, especial qualificação da actuação inspectiva nos domínios do agro-alimentar seja na vertente espacial tradicional seja no domínio do digital e na acção nas novas plataformas de e-commerce.

A título de exemplo, o recente alerta efectuado pela ASAE de existirem no mercado alguns operadores que têm aproveitado a crise pandémica para vender alimentos, onde se incluem suplementos alimentares, atribuindo-lhes falsas propriedades profilácticas, curativas, protectoras, do sistema imunológico e antivírus contra a infecção provocada pelo novo coronavírus.

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Tecnoalimentar 24.

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