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Revista TecnoAlimentar

Poderá a pele de prata do café promover a saúde intestinal?

Por: Marlene Machado¹, M. Beatriz P. P. Oliveira¹, Helena Ferreira², Rita C. Alves¹

¹ REQUIMTE/LAQV – Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto

² REQUIMTE/UCIBIO – Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto

RESUMO

Os ingredientes prebióticos são capazes de promover a saúde intestinal, estimulando seletivamente o crescimento de bactérias benéficas, enquanto inibem bactérias patogénicas. Face à crescente procura por este tipo de ingredientes, os subprodutos agroalimentares ricos em fibra alimentar têm sido considerados possíveis fontes de efeito prebiótico. Neste trabalho, realizou-se uma revisão da literatura com o objetivo de aferir se a pele de prata, o subproduto da torrefação do café, apresenta propriedades prebióticas. Para tal, efetuou-se uma pesquisa por combinação de palavras-chave como “coffee”, “silverskin” e “prebiotic”, em bases de dados científicas. De acordo com os trabalhos publicados, a pele de prata promove o crescimento de lactobacilos e bifidobactérias, com produção de metabolitos benéficos, como ácidos gordos de cadeia curta. Um ingrediente prebiótico deve apresentar baixa digestibilidade e, até à data, ainda não existem estudos que avaliem a digestibilidade deste subproduto. A pele de prata pode ser interessante para o desenvolvimento de alimentos funcionais, embora sejam necessários mais estudos para comprovar o seu efeito prebiótico.

INTRODUÇÃO

Os prebióticos são substratos seletivamente utilizados por microrganismos benéficos, resultando em benefícios para a saúde (Alves-Santos et al., 2020). Estes benefícios incluem a modulação imunológica, nomeadamente a reduçãode interleucinas pró-inflamatórias, e modulação da função cognitiva. Os microrganismos presentes no intestino podem comunicar bidireccionalmente com o cérebro através de metabolitos microbianos. Estudos recentes revelam associações entre a microbiota intestinal e doenças neurodegenerativas como doença de Alzheimer, doença de Parkinson e esclerose múltipla. De um modo geral, os pacientes com doenças neurodegenerativas apresentam uma microbiota intestinal alterada, por exemplo, níveis mais altos de Clostridium e Prevotella, em comparação com pacientes saudáveis. A inclusão de ingredientes prebióticos na dieta pode ser uma estratégia para modular a microbiota intestinal e promover a saúde intestinal (Boehme et al., 2022).

Os prebióticos devem satisfazer três critérios: serem resistentes à acidez gástrica, hidrólise enzimática e absorção gastrointestinal; serem metabolizados pela microbiota intestinal e promoverem o crescimento e/ou atividade de bactérias associadas à saúde e bem estar; e, não causar efeitos negativos ao hospedeiro, como o crescimento de microrganismos patogénicos ou desconforto abdominal (Rezende et al., 2021). A administração de prebióticos contribui para a proliferação dos géneros bacterianos probióticos, Lactobacillus e Bifidobacterium, resultando na produção de metabolitos benéficos como ácidos gordos de cadeia curta (AGCC, acetato, butirato e propionato).

Artigo publicado na edição n.º 34 da Revista TecnoAlimentar.

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