FacebookLinkedin

Revista TecnoAlimentar

Pandemia da Covid-19 está a arrasar confiança dos consumidores

É preciso recuar a setembro de 2014 para ver uma confiança dos consumidores tão baixa como a de abril. As expectativas relativas à evolução da situação económica do país pesaram negativamente, tudo isto face às consequências a longo prazo que se espera que a Covid-19 deixe.

Supermercados

O Instituto Nacional de Estatística (INE) revela que a confiança dos consumidores registou, em abril, a maior redução mensal de sempre, atingindo o valor mínimo desde setembro de 2014. "No último mês, a redução do indicador de confiança dos consumidores resultou sobretudo do contributo muito negativo das expectativas relativas à evolução da situação económica do país, da situação financeira do agregado familiar e da realização de compras importantes”, explica o INE em comunicado, sublinhando que, assim, o indicador “registou em abril a maior redução da série face ao mês anterior, atingindo o valor mínimo desde setembro de 2014".

Este mínimo de setembro de 2014 é alcançado quando se compara as médias móveis de três meses, o que ajuda a alisar o impacto da magnitude da pandemia. Contudo, se isolado o mês de abril, este indicador atingiu o valor mais baixo desde maio de 2013. Esta análise complementa a leitura que se faz de um momento "súbito e inesperado", como explica o gabinete de estatísticas.

O maior pessimismo do consumidores está nas expectativas relativas à evolução da situação económica do país e à realização de compras importantes, duas componentes que em abril atingiram os mínimos históricos das respetivas séries. O outro lado da moeda está na perspetiva face à evolução do desemprego que registou o maior aumento de sempre, situando-se agora em níveis semelhantes aos de 2013.

De notar ainda a maior queda de sempre nas perspetivas de poupança no momento atual. Após ter atingido em janeiro o valor mais elevado desde abril de 2002, a expectativa em relação à poupança futura registou a maior queda da sua série. Isto acontece numa altura em que muitos portugueses estão em lay-off, alguns terão sido despedidos por causa do vírus e vários pequenos empresários ainda têm os negócios fechados. O período de recolha dos inquéritos qualitativos para o mês de abril decorreu de 1 a 17 de abril no caso do inquérito aos consumidores e de 1 a 23 de abril para os inquéritos às empresas.

Mínimo atingido pelo clima económico ultrapassa crise financeira

Também é visível a "redução abrupta" da confiança das empresas. O indicador de clima económico, que sintetiza as respostas das empresas, "apresentou uma significativa redução em abril face ao mês anterior, sendo a maior da série e originando um novo mínimo".

Na indústria transformadora, o indicador de confiança caiu para um mínimo de abril de 2009, tendo também registado a maior queda de sempre. Em abril, as expectativas relativas à evolução da procura pelos produtos da indústria baixou para um nível idêntico ao da crise anterior (março de 2013) e as perspetivas de produção baixaram para o nível mais baixo de sempre.

"A taxa de utilização da capacidade produtiva diminuiu significativamente em abril, situando-se em 70,9% (80,7% em janeiro), registando um novo mínimo histórico da série", esclarece ainda o INE, assinalando que "o número de semanas de produção assegurada também sofreu uma diminuição significativa em abril, atingindo o valor mais baixo desde outubro de 2005".

Passando para a construção e obras públicas, também neste setor o indicador de confiança registou a maior queda de sempre, mas o mínimo alcançado é de novembro de 2015. Tanto as expectativas em relação à carteira de encomendas como às perspetivas de emprego deram um contributo “fortemente negativo”. A queda foi transversal a todas as áreas: da promoção imobiliária e construção de edifícios à engenharia civil e às atividades especializadas de construção.

No comércio — setor onde grande parte das empresas foi obrigada a fechar as portas temporariamente –, a confiança atingiu um mínimo histórico com a expectativa sobre as perspetivas de atividade nos próximos três meses e do volume de vendas a cair a pique. O comércio a retalho registou uma queda mais acentuada do que o comércio por grosso.

Nos serviços, a confiança atingiu um mínimo histórico (série iniciada em abril de 2001), com o contributo de todas as componentes. Por áreas, as atividades artísticas, de espetáculo, desportivas e recreativas e o alojamento, restauração e similares registaram as maiores quedas.

FONTE: Eco