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Revista TecnoAlimentar

Hardlevel expande a três dígitos capacidade portuguesa de reciclagem de óleos alimentares usados

Portugal está a recolher cada vez mais OAU e a transformá-los em combustíveis sustentáveis, tais como o green diesel e o biocombustível de aviação. Em três anos, na rede do principal operador nacional do setor, a reciclagem foi incrementada a três dígitos em dezenas de municípios portugueses, com crescimentos que oscilaram entre os 200 a 600% em diversas autarquias de Norte a Sul do País.

Há boas notícias para o ambiente nacional. A rede portuguesa de recolha e gestão de óleos alimentares usados (OAU) fechou 2021 e iniciou o ano a crescer. Facto que não é alheio à aposta e foco na expansão que o principal operador do mercado, a Hardlevel – Energias Renováveis, tem vindo a empreender de norte a sul na cadeia de transformação destes desperdícios, que, ambientalmente nocivos mas valorizáveis, estão a ser reciclados em biocombustíveis. Entre eles estão o HVO (do inglês hydrogenated vegetable oil, ou seja, óleo vegetal tratado com hidrogénio, uma das gerações mais recentes de biodiesel) e o SAF (sustainable aviation fuel, isto é, biocombustível de aviação).

Com sede em Vila Nova de Gaia e centros logísticos e de pré-tratamento noutros pontos do País (e também no estrangeiro), a empresa possui uma capacidade instalada de pré-tratamento de 50.000 toneladas anuais de OAU e 4.500 metros cúbicos de armazenagem instantânea, nos polos operacionais de Avanca e Palmela. E está a internacionalizar o modelo de gestão inteligente de óleos alimentares usados em Espanha e França.

A rede, o único sistema nacional organizado, abrange na atualidade as principais áreas metropolitanas lusas, mais de 100 municípios, tem várias dezenas em contratualização e conta atualmente com mais de 2.500 Oleões Smart S+ instalados, os quais, no dia-a-dia, servem estruturalmente cerca de 3,5 milhões de munícipes. Adicionalmente, através de parcerias com supermercados, hipermercados e retalhistas de combustíveis, onde se encontram instalados um par de centenas de equipamentos, a rede acaba por servir toda a população nacional.

Empresas intermunicipais como a Resialentejo (que agrega os municípios de Almodôvar, Barrancos, Beja, Castro Verde, Mértola, Moura, Ourique, Serpa) e autarquias como Silves, Portalegre, Vila Franca Xira, Cadaval, Abrantes, Santarém, Rio Maior, Mação, Murça ou Santa Marta de Penaguião são exemplos de municípios que abraçaram o modelo de gestão inteligente de OAU da Hardlevel ainda no fecho de 2021. Entre eles pontifica igualmente Lisboa, onde foram instalados mais de 200 Oleões Smart S+, que servem diariamente os mais de 500 mil habitantes da capital e os mais de 5 milhões de turistas que a visitam anualmente.

Sardoal, Porto de Mós, Chaves ou Entroncamento, por seu lado, aproveitaram o início de 2022 para integrarem o circuito. Mas há mais municípios em vias de os seguirem.

“Prevemos que, em Portugal, no final de 2022, a Hardlevel tenha instalados mais de 3.000 Oleões Smart S+ em pelo menos 150 municípios”, revela Salim Karmali, administrador e cofundador da Hardlevel, juntamente com o seu irmão, Karim Karmali.

Crescimentos de 200 a 600% na recuperação de OAU em diversas autarquias

Em Portugal, as estimativas oficiais apontam para uma produção de óleos alimentares usados que varia entre 43.000 a 65.000 toneladas anuais. O segmento doméstico será responsável por cerca de 62% dos OAU. E calcula-se que, no global, 60% deste desperdício vá parar… ao esgoto. Ainda.

Ora, além de entupirem canalizações, os OAU contaminam os solos e as águas, e, como se não bastasse, uma grande quantidade desemboca nas Estações de Tratamento de Águas Residuais, dificultando e onerando ainda mais o processo.

Urge, por isso, um reforço na campanha de sensibilização junto da população. Razão pela qual mais e mais municípios se juntam ao complexo da Hardlevel.

Não obstante, têm existido progressos assinaláveis ao nível da recolha doméstica de OAU. São, aliás, inúmeras as geografias lusas onde a “curva evolutiva das recolhas é manifestamente positiva”, segundo Salim Karmali. Não só nos grandes centros urbanos, mas igualmente na envolvência e noutras paragens.

O empresário dá como exemplos os concelhos de Seixal, Lourinhã, Loures, Santo Tirso, Aveiro ou Almada, onde a recolha de OAU na rede Hardlevel cresceu a três dígitos nos últimos três anos, com subidas que oscilaram entre os 200 a 600%.

“A tendência é generalizadamente crescente. E o progresso faz-se passo a passo, oleão a oleão, concelho a concelho, garrafa a garrafa, a bem do ambiente e de uma mobilidade progressivamente mais descarbonizada”, garante Karim Karmali.

A expansão é, porém, feita a “diferentes velocidades”, explica Salim. As localidades que estão na “carruagem da frente” na reciclagem de óleos alimentares usados estão já a apostar concludentemente nos oleões inteligentes, que permitem dados, reporting, qualidade na gestão do resíduo e garantia de salubridade na via pública e, ainda, interação e sensibilização do cidadão para a reciclagem dos OAU.

Ambicionando uma economia descarbonizada, a valorização destes OAU enquanto biocombustível é crucial para alimentar as nossas deslocações quotidianas (através da utilização de biodiesel ou HVO), bem como dos voos comerciais (via sustainable aviation fuel) que realizamos em trabalho ou lazer.

Equipados com dispositivos IoT (Internet of Things), os oleões Smart S+ da Hardlevel permitem, por um lado, detetar o nível de enchimento em tempo-real, prevenindo derrames na via pública, bem como eficiência logística e energética; por outro, através de uma app, os equipamentos possibilitam rastrear os depósitos de OAU feitos pelos munícipes, facultar digitalmente a sua localização, informar sobre a capacidade disponível em tempo real nos pontos de recolha, contabilizar a deposição de cada pessoa e atribuir pontos (greenpoints), que permitem o acesso a prémios.

É também por tudo isto que uma das novas “frentes de batalha” da Hardlevel está concentrada junto dos consumidores domésticos.

Ao mesmo tempo que está a ultimar o lançamento de uma nova geração de oleões inteligentes (a apresentar brevemente), o operador criou, entretanto, facilitadores de descarte de OAU de uso doméstico, para facilitar a tarefa de separação do desperdício logo na fonte. É um produto patenteado, que a Hardlevel baptizou como Mini Olio Collecte®, tendo já iniciado a estratégia de os fazer chegar aos consumidores.