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Revista TecnoAlimentar

Bacteriófagos | Novos agentes antibacterianos para controlo alimentar

Bacteriófagos são vírus que apenas infetam bactérias e que podem ser usados para eliminar patogénios alimentares sem qualquer prejuízo para a saúde animal ou humana. Devido à sua gravidade e prevalência em todo o mundo, o controlo de surtos de transmissão alimentar de STEC tornou-se uma questão prioritária para a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA). 

A Escherichia coli produtora de toxinas shiga (STEC) é um patogénio altamente virulento de origem alimentar. Esta bactéria apresenta doses infeciosas muito baixas (<100 células), podendo causar doença grave como a síndrome hemolítica-urémica (SHU). Esta doença causa a formação de pequenos coágulos que bloqueiam o fluxo de sangue para órgãos vitais como o cérebro, o coração e os rins e que, eventualmente, conduz à morte (Nguyen & Sperandio, 2012). Devido à sua gravidade e prevalência em todo o mundo, o controlo de surtos de transmissão alimentar de STEC tornou-se uma questão prioritária para a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos da América (USDA). Por exemplo, infeções STEC em humanos devem ser reportadas trimestralmente e anualmente por todos os Estados-Membros da União Europeia e países do Espaço Económico Europeu, ao Sistema Europeu de Vigilância, também conhecido como TESSy, com base na Decisão 2119/98/CE.

Os principais veículos de transmissão das STEC são os animais ruminantes, nomeadamente bovinos e ovinos.  A contaminação de humanos ocorre após a contaminação fecal direta ou indireta de produtos alimentares, como a carne, legumes (por exemplo, couve, alface e espinafre), laticínios não pasteurizados e a água. Em alguns casos, também podem ocorrer transmissões secundárias entre pessoas.

Com a exceção de vitelos, as bactérias STEC não têm grande impacto na saúde animal ou na produção primária sendo, portanto, difíceis de diagnosticar e controlar, uma vez que habitam o intestino de animais saudáveis, colonizado por uma população altamente variável de outras estirpes de E. coli comensais (da flora intestinal) que beneficiam o animal.

Diversos esforços têm sido feitos no sentido de melhorar a segurança alimentar no pós-abate, usando as melhores práticas de higiene na manipulação das carcaças e alimentos e no uso de tratamentos antimicrobianos nas superfícies da indústria de transformação. Apesar da maior conscientização e melhores métodos de deteção, a contaminação de alimentos e surtos de STEC continuam a ocorrer e devem preocupar os produtores e as autoridades competentes em matéria de segurança alimentar e saúde pública.

A grande ideia do projeto PhageSTEC é usar bacteriófagos para controlo das bactérias STEC em gado bovino e ovino e assim reduzir contaminações e, subsequentemente, surtos de origem alimentar. A intervenção ao nível da produção primária poderá colmatar a contaminação cruzada, permitindo assim um controlo efetivo do produto “do prado ao prato”, com diminuição clara nos custos do processo. É de salientar que os bacteriófagos podem atenuar os efeitos da contaminação microbiana e em nada comprometerão a segurança do alimento, facto já comprovado pela Food and Drug Administration (FDA) e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), que aprovaram produtos semelhantes para aplicação direta em alimentos e superfícies.

Nota de Redação

Artigo publicado na edição n.º 29 da Revista TecnoAlimentar.

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