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Revista TecnoAlimentar

APED diz que problemas do setor leiteiro se devem à Europa e não à distribuição

A Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) considera que os problemas do setor leiteiro se devem ao funcionamento do mercado europeu e lamenta que a distribuição seja «utilizada em manifestações para pressionar o Governo e Bruxelas».

leite

Em comunicado emitido esta semana, a APED afirma que «a esmagadora maioria do leite vendido pelo setor da distribuição em Portugal é de origem nacional» e que «os produtos lácteos vendidos pela distribuição são maioritariamente produzidos em Portugal».

Por isso, defende que «os problemas que atingem hoje o setor do leite têm a ver com o funcionamento do mercado na União Europeia» e que «as respostas para a sua resolução têm de ser dadas pelas instituições europeias».

Citada na nota, a diretora-geral da APED, Ana Isabel Trigo Morais, lamenta que «as insígnias da distribuição estejam a ser utilizadas em manifestações para pressionar o Governo e Bruxelas» e que seja «ignorado todo o esforço que o setor tem feito para ajudar a produção nacional e a sua vontade para encontrar soluções».

Cerca de 40 tratores realizaram esta terça-feira, 23 de agosto, uma marcha lenta entre Ovar e Estarreja, no distrito de Aveiro, exigindo medidas para proteger a produção nacional de leite e de carne.

Em Estarreja, os produtores realizaram um cadeado humano, em frente a um supermercado de uma multinacional alemã de retalho e dirigiram-se depois para a câmara da cidade, onde foram recebidos pelo vice-presidente da autarquia, a quem entregaram um documento com as reclamações do setor.

O protesto realizou-se depois de o Governo ter anunciado um novo conjunto de medidas de apoio para o setor do leite, que inclui o pagamento de um prémio suplementar de 45 euros por vaca a todos os produtores de leite do Continente, num montante global de 7 milhões de euros. A este montante junta-se o prémio anual, cujo valor médio é de 82 euros por vaca.

Depois, há lugar ao pagamento de um prémio extraordinário de mais 45 euros por vaca, acumulável com o anterior, atribuído às primeiras 20 vacas de cada exploração, aplicável a todos os produtores do território nacional, num montante global de cerca de 4 milhões de euros.

O conjunto de medidas de apoio ao setor do leite foi hoje aprovado em Conselho de Ministros.

O dirigente da Confederação Nacional de Agricultura (CNA) João Dinis, que se juntou ao protesto, desafiou o Presidente da República a pronunciar-se sobre aquilo que diz ser a «ditadura comercial» dos hipermercados que «impõem preços de arrasar à produção nacional».

«O senhor Presidente da República faz questão de falar sobre muitos assuntos. Esperamos que não deixe de falar contra esta verdadeira ditadura monopolista das grandes superfícies comerciais, até porque é inconstitucional», disse João Dinis.

A luta contra «o abuso das marcas brancas e das promoções que esganam a produção nacional» é uma das reclamações dos produtores de leite e carne, sublinhou João Dinis, referindo que «uma vacaria com 50 vacas está a perder 3.000 euros por mês para continuar a produzir».

Fonte: RTP