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Revista TecnoAlimentar

Fontes alternativas de proteínas: para onde está a caminhar a inovação?

Existe um interesse crescente por alimentos ricos em proteínas, principalmente devido à associação do consumidor entre consumo de proteínas e alimentação saudável.
O Institute of Food Tecnologist ressalta que especialmente os consumidores que se encontram na franja de idade entre os 18 e os 34, e acima dos 65, são os que estão mais focados na procura de novas fontes de proteínas. Esta procura pode explicar-se pelo interesse em manter sãos os ossos e articulações, fortalecer o sistema imunológico e aumentar a potência e definição muscular nos desportistas, assim como os níveis de energia em geral.

Por outro lado, a pecuária mostra-se insuficiente como fonte de proteínas na satisfação da procura mundial. Este setor necessita de infraestruturas e investimento em sustentabilidade, o que influencia no seu preço e converte os alimentos que são produzidos a um preço inalcançável para boa parte da população mundial. População que se estima que tenha aumentado em 34% em 2050 e cujas necessidades proteicas, segundo a OMS, são de 0,8 gramas por kilo do seu peso e por dia.

A reputada consultora Mintel, na sua investigação sobre novos Ingredientes Alimentares Provenientes de Proteínas de Origem Vegetal, acrescenta às razões mencionadas, o auge das dietas "flexitarianas" (flexibilidade sobre a prática do vegetarianismo) e a aparição de um consumidor cada vez mais ousado na altura de provar coisas novas.
Segundo os dados apresentados no Innova Market Insights, cerca de 3% dos novos lançamentos de alimentos e bebidas a nível mundial, e cerca de 6% nos E.U.A. em 2014, comercializaram-se sob o slogan "alto conteúdo em proteínas" ou posicionando-se como "fonte de proteínas". Em boa medida, estes "lemas" são produto da utilização de novas fontes de proteínas nas matrizes alimentares.

Os consumidores estão a incluir nas suas dietas proteínas provenientes de vegetais como a soja ou ervilha, cereais como o trigo e a quinoa, frutos secos como amêndoas e pistachos e também proteínas provenientes de sementes, como as de chia ou do linho.
Segundo a Mintel, entre 2012 e 2014, o uso de proteínas de trigo aumentou 20%, as proteínas de milho aumentaram o seu uso em 11% e as proteínas de soja aumentaram em 5%. A estes dados, podemos acrescentar os vertiginosos crescimentos das proteínas provenientes das ervilhas e do arroz, que ainda que tenham partido de uma base pequena, cresceram 92% e 87%, respetivamente.

Ainda que as proteínas de origem vegetal encabecem a lista de novos lançamentos, o artigo de 2014: The Year of Protein Innovation assegura que a utilização do soro de leite como fonte de proteínas nos novos lançamentos cresceu desde a 8ª posição em 2012, à 3ª posição em 2013. A razão é que o soro lácteo contém uma variada mistura de proteínas que o posiciona como uma rica e balanceada fonte de aminoácidos essenciais de alto valor biológico.
Contudo, o mais impressionante foi o crescimento do uso de proteínas provenientes de microalgas nos novos lançamentos. O uso de algumas destas algas, como a spirulina e a chlorella, viram-se apoiadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas, que as valorizam como "fonte natural, sustentável e inesgotáel" e foram incentivando a introdução do seu uso para a alimentação. Entre outras coisas, a razão da sua insistência vem dada pelo elevado conteúdo proteico de alta qualidade, fácil digestão, assimilação e baixa toxidade das microalgas, que também contêm minerais, vitaminas e ácidos gordos essenciais.

Outra fonte alternativa de proteínas que está a ser considerada são os insetos, cujos riscos foram avaliados recentemente num relatório realizado pela Agência Europeia de Segurança Alimentar - EFSA, que não se mostra conclusiva em relação aos riscos biológicos, alérgicos e ambientais da inclusão dos insetos na dieta.
Contudo, nem tudo são facilidades para as proteínas provenientes de fontes não animais. A Mintel adverte para uma certa fobia dos consumidores perante a inclusão nas formulações de ingredientes que não entendem como naturais nos produtos alimentares. Isto automaticamente posiciona este tipo de produtos como demasiado processados na mente de um consumidor, onde 72% exigem saber de que são feitos os alimentos que colocam na sua cesta de compras.

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