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Revista TecnoAlimentar

Projeto PIGS+CARE – Otimização da produção de carcaças pesadas de suíno de modo natural e zeloso sem recurso à castração

Por Manuela Vaz-Velho e Ricardo Pinto

A castração cirúrgica de suínos é uma preocupação em matéria de bem-estar animal. Foi cientificamente provado, utilizando parâmetros comportamentais e fisiológicos, que a castração de suínos é uma intervenção cirúrgica dolorosa para os animais, mesmo se realizada em animais muito jovens, além de ser uma operação onerosa para os produtores.

projecto pigs+care

A castração ainda continua a ser uma prática comum para evitar os comportamentos sexuais indesejáveis ou agressivos e para evitar o desenvolvimento do odor sexual, (comummente designado por odor a varrasco associado a níveis elevados de androstenona – hormona masculina – e/ou escatol – metabolito do metabolismo do triptofano), dado que o sabor e o odor esperados da carne de suíno são aspetos muito importantes que os consumidores têm em conta quando adquirem carne de suíno.

A maior parte da carne de suíno atualmente disponível no mercado nacional provém de animais fêmeas e machos sexualmente imaturos (cerca de 5-6 meses) evitando-se, assim, o desenvolvimento do odor a varrasco (macho inteiro) e em simultâneo diminuindo os custos de produção.

São já aplicadas, dentro e fora da UE, diversas alternativas à castração cirúrgica, no sentido de reduzir o odor sexual, como a criação de machos não castrados ou a castração química (vacinação) vulgarmente denominada ‘vacina’ (European Comission, 2019). Esta tem como princípio ativo um peptídeo sintético análogo do fator de libertação das gonadotrofinas conjugado com uma proteína que inibe a produção de testosterona. Esta prática obriga a diversas intervenções no animal (pelo menos duas) em tempo oportuno e com pessoal qualificado (Zammerini, 2010) e pode ter efeitos negativos em termos do consumo humano de carne de suíno. A vacina (Improvac ©, Pfizer,Ltd.) utiliza uma forma de GnRH-proteína sem atividade hormonal (Dunshea et al., 2013) que, segundo Brennan e colaboradores (1986), não deixa na carne resíduos que possam ser prejudiciais à saúde humana.

No entanto, esta vacina (a única aprovada e em comercialização) é catalogada pela União Europeia com a classificação farmacoterapêutica de Hormonas sexuais e moduladores do aparelho genital (QG03X9), o que interdita o seu uso em modos de produção biológica. Um estudo Norueguês revelou que a maioria dos consumidores de carne de suíno receiam ingerir a carne de imunocastrados, sobretudo pelo medo da presença de resíduos químicos (Fredriksen et al., 2011). Os suínos machos inteiros exibem maiores taxas de crescimento e uma carcaça mais magra do que os machos castrados cirurgicamente. Um estudo comparativo entre machos inteiros e castrados revelou que nos machos castrados o índice de eficiência alimentar diminuiu 10%, o conteúdo muscular 5% e a gordura da carcaça aumentou 26% (Bonneau et al., 1994).

Nota: Artigo publicado na edição impressa da TecnoAlimentar 21.

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