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Revista TecnoAlimentar

Manutenção na indústria alimentar

A manutenção é indispensável numa organização que pretende aumentar a eficácia e fiabilidade operacional, minimizar o desperdício e a satisfação do cliente, reduzindo custos da operação e permitindo tirar o máximo proveito dos ativos. Esse é o maior desafio que a indústria alimentar enfrenta atualmente.

Manutenção Indústria Alimentar

Por: Carla Barbosa¹,² Manuel Rui F. Alves¹,²,³

A manutenção industrial é uma atividade multidisciplinar, podendo ter várias abordagens. Abordagem científica, enquanto a sua execução depender das ciências mais clássicas; matemática e estatística; física e termodinâmica, entre outras. Pode ser entendida como forma de arte, pois problemas aparentemente idênticos recebem abordagens e ações variadas, dependendo da maior ou menor aptidão e sensibilidade dos gestores e técnicos de manutenção demonstram para a perceção e identificação dos problemas e até antecipação, prevendo-os.

Para muitos é, acima de tudo, uma filosofia, que pode ser aplicada intensivamente ou moderadamente, dependendo de uma ampla gama de variáveis, que frequentemente transcendem as soluções mais imediatas, recaindo sobre politicas cuidadosamente ajustadas à operação ou organização.

Atualmente verifica-se que os planos de manutenção, enquanto garantia do bom funcionamento dos equipamentos de processo e serviços auxiliares (higienização, produção de frio e calor, entre outros), têm um peso muito elevado no orçamento anual das organizações e, como tal, é necessário a redefinição do papel desta como parte indispensável de um projeto de uma indústria. A correta elaboração de um programa de gestão das infraestruturas e dos processos auxiliares (utilities) é essencial, tendo efeito direto no custo unitário de produção e custo das próprias ações de manutenção.

Assim sendo, a manutenção deve ser assumida como uma operação desenhada para a concretização dos objetivos e missão da organização e, para além de focada na resolução dos problemas do dia-a-dia inerentes à manutenção do bom estado de funcionamento da instalação física do processo produtivo (instalações, máquinas, edifícios e serviços), deve ser vista como engenharia de fiabilidade, que se preocupa com a aplicação de competências técnicas, focada na eliminação de falhas repetitivas e na correção de problemas de equipamento ou processo, evitando tempos de paragem excessivos na produção e trabalhos de manutenção.

Para muitos, a manutenção não deve ser apenas preventiva, embora este aspeto seja essencial. Também não deve ser simplesmente corretiva, isto é, uma corrida frenética para consertar uma peça de equipamento, uma falha ou um processo em paragem, embora esta seja muitas vezes dominante.

Esta última, normalmente implica custos ainda mais elevados em stock de peças de substituição e em mão de obra altamente especializada e disponível para evitar grandes prejuízos associados à paragem ou devolução de produto defeituoso. Em ambos os casos, o modo de operação e as variáveis específicas do funcionamento da fábrica afetam diretamente a vida útil dos equipamentos ou processos. Por isto, são também sejam consideradas importantes.

Na indústria 4.0, é habitualmente implementado um programa de gestão preditivo de manutenção que utiliza uma combinação de ferramentas para deteção de causas de falhas regulares, definição de níveis de produtividade e, consequentemente, tentativa de melhoria da capacidade de produção. Destacam-se as ferramentas ou metodologias como o 6-Sigma, diagramas Pareto, diagramas de Ishikawa, entre outros. 

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Tecnoalimentar 24.

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¹ Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade, Instituto Politécnico de Viana do Castelo (CISAS – IPVC)

² Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (LAQV-REQUIMTE-FMUP)

³ Diretor da Revista Tecnoalimentar