FacebookLinkedin

Revista TecnoAlimentar

Resíduos de antibióticos em ovos e resistência a antimicrobianos

Por: Érica Lima¹,², M. Beatriz P.P. Oliveira², Andreia Freitas¹,²

¹ INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária

² REQUIMTE/LAQV – Dep. Ciências Químicas, Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

RESUMO

A presença de resíduos de antibióticos usados na criação animal pode ocorrer nos ovos destinados ao consumo humano. Em resposta a este problema foi legislado um limite máximo de resíduo (LMR), a respeitar pelos produtores, para evitar efeitos adversos na saúde dos consumidores, nomeadamente alergias e resistência a antimicrobianos (RAM), esta última considerada um problema de saúde pública grave. O objetivo deste trabalho foi desenvolver um método para extração e quantificação de 64 antibióticos em ovos, usando UHPLC-TOF-MS.

Avaliou-se 7 métodos e o melhor detetou 59 compostos com taxa de recuperação média superior a 100%. Entre os compostos detetados estão penicilinas, cefalosporinas, tetraciclinas, quinolonas, macrólidos, sulfonamidas e outros antibióticos. O método escolhido será uma ferramenta vantajosa para monitorizar possíveis contaminações em ovos, uma vez que permite a deteção simultânea de várias moléculas. Adicionalmente, esta metodologia pode ser adaptada para diferentes matrizes e permite a inclusão de outros tipos de medicamentos.

INTRODUÇÃO

Considerado um alimento funcional e uma importante fonte de proteína animal, o ovo contém compostos bioativos associados a efeitos anti-inflamatórios, antioxidantes, anti-hipertensivos, imunomoduladores e até anticancerígenos (Sanlier & Üstün, 2021). A produção e consumo de ovos tem apresentado um crescimento contínuo, com 76,7 milhões de toneladas produzidas e uma média de 161 ovos consumidos por pessoa em 2018 (International Egg Commission, 2018). Contudo, na produção de ovos em larga escala, as galinhas poedeiras ingerem antibióticos para prevenir e tratar possíveis doenças, evitando perdas económicas. Estes medicamentos podem permanecer no organismo do animal e serem detetados, em níveis residuais, nos ovos (Owusu-Doubreh et al., 2023). De acordo com Ben et al., 2022, os seus teores podem representar 10% a 15% da dose diária de resíduos de antibióticos ingeridos pelos humanos. O consumo de doses residuais de antibióticos é uma preocupação de saúde pública devido ao risco associado às resistências a antimicrobianos (RAM), as quais causaram, em 2019, 1,27 milhão de mortes (The Lancet, 2022).

Artigo publicado na edição n.º 35 da Revista TecnoAlimentar.

Para aceder à versão integral, solicite a nossa edição impressa.

Em alternativa, contacte-nos através dos seguintes contactos:

Telefone 910 641 718

E-mail: redacao@agropress.pt