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Revista TecnoAlimentar

Refood reorganiza-se para alimentar velhas e novas famílias

O movimento Refood reorganizou-se desde que os restaurantes fecharam por causa da covid-19 e procurou novos parceiros para conseguir alimentar os 7 000 beneficiários que ajuda e os outros que virão com a pandemia social.

Refood

«Vai haver uma nova onda de beneficiários que antes não tinham e agora vão ter necessidade. Isto não é novo, pois em 2011, quando começámos, tivemos também diferentes tipos de beneficiários", contou Hunter Halder, fundador do movimento Refood.

Depois de se ver obrigado a suspender a atividade dos 60 núcleos regionais espalhados pelo país, o movimento conseguiu reorganizar-se, encontrou novos parceiros - supermercados, empresas de distribuição, bancos alimentares e outras instituições - e já reiniciou o trabalho de fazer chegar os cabazes de alimentos a quem precisa de ajuda. «Foi um salva-vidas para as nossas famílias», contou à Lusa Hunter Halder, lembrando que todos os procedimentos de trabalho tiveram de ser revistos e reformulados.

«Tínhamos dois turnos, entre as 18:00 - 21:30 e entre as 21:00 - 00:00. Era muita gente junta a trabalhar e a respirar o mesmo ar. Tivemos de mudar tudo, reduzir as equipas a quatro elementos e reorganizar o trabalho com mais turnos, trabalhando durante todo o dia em vez de apenas no final», explicou. 

As reuniões passaram a virtuais, pela internet, para que todos os núcleos pudessem perceber o que os outros faziam e como se estavam a reorganizar. Ao todo, são 7 000 voluntários, parte deles a trabalhar de casa. «Foi o milagre da adaptação imediata para colmatar necessidades dos beneficiários com novas parcerias», acrescentou o fundador do movimento.

Hunter Halder contou ainda que no processo de reorganização foram identificados os oito potenciais fornecedores de alimentos - restaurantes, refeitórios, supermercados, eventos, empresas de distribuição, agricultura, instituições e cidadãos - para diversificar a recolha.

Os diferentes beneficiários desde o início recorreram ao apoio do movimento. «Alguns percebe-se que sempre tiveram necessidades, por gerações, outros têm pensões miseráveis, outros são estudantes que conseguiam pagar as propinas mas depois não chegava para a comida e há também pessoas que nunca tinham tido problema de pobreza, pois sempre trabalharam, e deixam de ter trabalho. Conhecemos esta epidemia social porque nascemos na última crise, que chegou a Portugal em 2010. Mas agora vai haver problemas mais profundos».

Com as novas parcerias, o Refood descobriu empresa de distribuição alimentar que desconhecia. «Há 1 000 empresas em Lisboa que fazem distribuição de comida e nem conhecíamos, 220 em Santarém, mais de 200 em Braga... estas empresas existem, o produto está ainda válido e não têm como o fazer chegar as pessoas. Isto é a nossa praia».

Hunter Halder aconselha quem precisa de ajuda a dirigir-se à respetiva junta de freguesia, que depois fará a ponte com os serviços sociais e organizações como Refood, e sublinha a importância de haver um apoio do Estado nesta fase, em que «a capacidade das misericórdias, bancos alimentares e outras instituições não vão chegar».

FONTE: Lusa