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Revista TecnoAlimentar

Os subprodutos produzidos nas indústrias transformadoras de tomate na zona EUROACE

Os subprodutos do processamento do tomate para indústria (de fabrico de polpa ou concentrado) são constituídos pelas peles e sementes. A pele do tomate é rica em fibras e licopeno. A partir da transformação do tomate para a indústria, são produzidos resíduos que constituem entre 3-4% da produção total.

Por: Cordeiro, A.I.1, Moreno, L.3, Espejo, A. 3 Machuca, S. 3, Almeida, T.4, Santos, M.4, Mondragão-Rodrigues, F.1,2, Pacheco de Carvalho, G.1, Paulo, M. 1 e Sanchez, R.3

Esses subprodutos têm um alto teor de humidade, entre 70-80%, o que os torna muito perecíveis e com outros inconvenientes, como o alto custo de transporte e o baixo valor nutricional. A sua valorização foi enquadrada no Projeto INNOACE, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa INTERREG V-A Espanha – Portugal (POCTEP) 2014-2020, destinado a fortalecer o tecido empresarial, criando sinergias entre empresas e centros de I+D+i, levando a cabo ações de transferência e validação precoce de produtos e serviços mediante processos de inovação aberta.

O INNOACE pretende também fomentar o processo empreendedor nas áreas de especialização inteligente fundamentais da EUROACE (Euroregião constituída pelo Alentejo, Centro de Portugal e Comunidade Autónoma da Extremadura espanhola).

Os subprodutos do processamento de tomate industrial são separados industrialmente com vapor (Figura 1). Para separar as peles e sementes do tomate, a mistura é passada através de crivos com diâmetro de 1,2 mm, numa primeira fase, e posteriormente por um crivo de diâmetro de 0,6 mm. Estes subprodutos são caraterizados por ter um valor de pH muito baixo (inferior a 5), e humidade entre 70-80%. São ricos em fibras e licopeno, sendo atualmente usados principalmente na alimentação animal.

FIGURA 1. Peles e sementes após a separação da polpa do tomate

As lamas de depuração (Figura 2) produzidas durante a purificação das águas utilizadas na limpeza e processamento do tomate são o resultado das diferentes etapas de purificação das águas residuais durante o processo de produção, principalmente nas etapas de decantação primária e decantação secundária. A sua composição é variável e depende da carga inicial de poluição da água e dos tratamentos a que se submetem para sua purificação. Na sua composição há um grande número de materiais em suspensão ou dissolvidos, alguns deles com valor agronómico, embora outros com grande potencial poluidor.

FIGURA 2. Lamas de depuração da indústria de processamento do tomate

Os dados obtidos no projeto INNOACE indicam que os subprodutos da indústria de transformação são, numa primeira fase, as peles e sementes (Figura 1), cuja produção é de 3-4% da matéria prima e o volume total destes subprodutos é estimado em 30 000-35 000 t/ano na Extremadura e em 34 700 t/ano no Alentejo, sendo a sua valorização atual essencialmente assente na alimentação animal e, numa segunda fase, são as lamas de depuração, que correspondem a cerca de 1,6% da matéria prima e cujo volume total é de 70 000-90 000 t/ano na Extremadura e de aproximadamente 14 000 t/ano no Alentejo, sendo a sua valorização atual orientada para a fertilização das culturas agrícolas.

A localização das fábricas de tomate na zona EUROACE é predominantemente na Extremadura espanhola, como podemos observar na Figura 3, com a presença em Badajoz e Don Benito das duas classes usadas para enquadrar as fábricas por volume de tomate processado anualmente: grandes dimensões e médias e pequenas dimensões. Na zona portuguesa apenas existem duas fábricas de médias e pequenas dimensões.

FIGURA 3. Localização das fábricas de tomate na zona EUROACE

No estudo preliminar deste setor das indústrias transformadoras de tomate, gerador de subprodutos passíveis de aproveitamento/valorização, fez-se a caraterização dos subprodutos gerados, nomeadamente das peles e sementes de tomate na Extremadura (Tabela 1) e das lamas da depuração na Extremadura e no Alentejo (Tabela 2).

TABELA 1. Caraterização de peles e sementes de tomate na Extremadura (valores médios de várias amostras)

TABELA 2. Caraterização das lamas da depuração na Extremadura e no Alentejo (valores médios de várias amostras)

Numa ótica de “Economia Circular”, cuja importância crescente foi reconhecida e valorizada pela Comissão Europeia e que será fortemente apoiada e incentivada no próximo quadro comunitário de apoio, o projeto INNOACE – sub-projeto Mapas de subprodutos e resíduos pretendeu aproximar os produtores destes subprodutos e os potenciais utilizadores/valorizadores, através da criação de mapas interativos onde se localizaram as industrias geradoras destes subprodutos e aí se agregou informação sobre os valores anuais produzidos e a composição química média da cada um dos subprodutos.

Pode aceder ao mapa da localização das industrias de processamento do tomate para concentrado industrial através do website do projeto e/ou do website dedicado aos subprodutos alimentares.

Agradecimento

Este trabalho foi realizado no âmbito do projeto INNOACE, cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do Programa INTERREG V-A Espanha – Portugal (POCTEP) 2014-2020 da Comissão Europeia. 

1 Departamento de Ciências Agrárias e Veterinárias. Instituto Politécnico de Portalegre.

2 MED, Universidade de Évora, Portugal

3 CTAEX, Centro Tecnológico Nacional Agroalimentario Extremadura

4 PACT, Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia