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Revista TecnoAlimentar

Mudanças e soluções na logística de frio

O setor de logística do frio tornou-se o elemento-chave da indústria de alimentos. A cadeia de abastecimento, tanto de produtos perecíveis,como congelados, enfrenta grandes desafios, que devem ser resolvidos com eficiência, rastreamento e sustentabilidade. Como alcançar estas soluções? Através da tecnologia e inovação.

Logística de frio

A Espanha é um dos maiores produtores de alimentos frescos do mundo: líder na exportação de produtos de carne - especialmente suínos -, uma referência europeia na comercialização de frutas e vegetais, o maior produtor mundial de vinho. Espanha é cada vez mais um país exportador, o que requer sistemas logísticos eficientes, capazes de atender à crescente procura mundial por alimentos.

Além disso, o consumo interno de produtos in natura também tem impacto direto no setor imobiliário logístico. Os armazéns com temperatura controlada em Espanha são insuficientes em número, bem como obsoletos, de modo que a procura supera a oferta de instalações de logística de armazenamento a frio.

Objetivo: Transporte com temperatura controlada

Garantir a segurança alimentar é, sem dúvida, o principal objetivo dos sistemas logísticos. Garantir que os alimentos sejam sempre mantidos à sua temperatura ideal só é possível através de sistemas de cadeia de frio. Assim, os operadores logísticos devem possuir conhecimentos multidisciplinares que lhes permitam manter a estabilidade e o prazo de validade de cada produto, cumprindo as suas especificações legais de saúde e mantendo intactos o sabor, a cor, o aroma e a textura dos alimentos.

Além disso, a agilização da operação, em armazéns, transportes e pontos de venda, e a promoção da formação e sensibilização de todos os integrantes da cadeia são outros objetivos importantes do setor da logística.

Para dar um pouco mais de visão, passamos a explicar as tendências que caracterizam o presente e o futuro de um dos setores com maiores perspetivas de crescimento no mundo: a logística a frio.

Frio como um ativo com eficiência energética

As aplicações de refrigeração são responsáveis ​​por 15% a 20% do consumo mundial de energia, de acordo com dados do projeto Cool-Save da União Europeia. Em Espanha, devido à sua localização geográfica e à maior incidência da indústria alimentar na economia, esta percentagem é superior. Nesse sentido, a necessidade de ter atmosferas controladas e manter a cadeia de frio de ponta a ponta leva as empresas a fazerem investimentos significativos em veículos industriais, pontos de venda, armazéns, entre outros.

As tecnologias disruptivas em depósitos incluem sistemas de armazenamento compactos, prateleiras autossustentáveis ​​e o uso de materiais isolantes, bem como embalagens isotérmicas para ajudar a manter a temperatura dos alimentos.

Da mesma forma, conforme indicado pela Associação Espanhola de Tecnologia de Refrigeração (AEFYT), também estão a ser realizados trabalhos para substituir equipamentos de compressão obsoletos por máquinas com alta capacidade de economia de energia, graças aos seus sistemas de modulação que respondem às mudanças na demanda (multiestágio, modulante velocidade, temperatura de condensação e / ou evaporação, entre outros); na implantação de novos sistemas de controlo, regulação e monitorização; e em novos fluidos refrigerantes. Além disso, espera-se que a incorporação da inteligência artificial ao campo da refrigeração otimize os sistemas de regulação.

Controlo de processo inteligente em toda a cadeia de abastecimento: Gestão de dados

O canal único e os tempos de entrega cada vez mais curtos significam que o controlo do produto é necessário em todos os momentos. Por este motivo, o uso de tecnologia RFID e sensores para recolher dados e transmiti-los aos aplicativos de software correspondentes é cada vez mais comum, uma vez que facilitam a gestão de grandes volumes de informações. 

A melhor gestão de dados favorece operações mais inteligentes, otimizando a configuração de rotas - que melhoram embarques, entregas e cobranças -, facilitando o acompanhamento das condições de temperatura em todos os momentos, melhorando a capacidade de resposta a imprevistos e transformando as frotas para adaptá-las à distribuição no meio urbano áreas.

Graças à Internet of Things (IoT), à inteligência artificial e à análise preditiva, é possível realizar previsões baseadas em combinações de dados (localização geográfica, feriados, clima, horários, entre outros) que ajudam a melhorar o planeamento logístico.

Logística 4.0: O poder da automação

O desenvolvimento da automação e robotização de instalações frigoríficas, tanto de distribuição como de armazenamento, oferece maior segurança aos trabalhadores, melhoria dos padrões de produção, optimização dos custos laborais e, claro, maior eficiência energética.

Assim, numa instalação de armazenamento manual, erros humanos podem ocorrer facilmente, portanto, garantir o rastreamento e manter a cadeia de frio intacta é muito mais difícil. Num espaço automatizado, por outro lado, é mais fácil controlar todos os processos - principalmente graças aos sistemas de alerta -, implementar soluções de armazenamento de alta densidade que administrem o espaço de forma mais eficaz e, conseqüentemente, aumentar a capacidade de produção, gestão e controlo.

Terceirização para melhorar os recursos

Cada vez mais fabricantes e produtoras estão a optar por terceirizar seus processos logísticos para intensificar o controlo das atividades que dependem da sua gestão interna. Isso permite que estes se aproximem da agilidade e flexibilidade exigidas pelo mercado atual, além de reduzir os gastos com gerenciamento de frota própria.

Consequentemente, os fornecedores logísticos estão a oferecer soluções inovadoras e criativas que promovam o seu valor acrescentado, prestando serviços de maior qualidade por terem recursos materiais, tecnológicos e humanos especializados que conhecem o sector a nível nacional e internacional.

Formação de profissionais

Os profissionais de logística são o elemento-chave para garantir o bom funcionamento da cadeia de abastecimento. Embora os recursos tecnológicos sejam importantes, estes são inúteis sem recursos humanos. A logística fria precisa de funcionários que conheçam bem os processos e seus detalhes, que estejam perfeitamente cientes e sejam sensíveis aos problemas envolvidos e que tenham habilidades digitais específicas.

Por exemplo, profissionais familiarizados com Lean Manufacturing, com modelos de negócios baseados em e-commerce, com indústria 4.0 ou com Agile Project Management. Portanto, a conscientização por meio da capacitação de cada pessoa que faz parte da cadeia de suprimentos não é apenas necessária, é fundamental.

O desafio da sustentabilidade

As operações de logística e transporte são responsáveis ​​por 25% das emissões de CO2 na Espanha, segundo dados da Agência Europeia do Meio Ambiente. Redes de transporte e seu impacto na sustentabilidade representam possivelmente o maior desafio no setor de logística. Alcançar uma margem de lucro decente para os fornecedores e, ao mesmo tempo, comprometer-se com tecnologias 'verdes' pode parecer uma tarefa árdua, mas a inovação está permitindo maior eficiência tanto no tempo de comercialização quanto no transporte, entre muitas outras áreas.

A intermodalidade e os sistemas de propulsão alternativos ao diesel como o GNL (gás natural liquefeito) ou a utilização de veículos híbridos ou elétricos apresentam-se como uma das soluções para reduzir os níveis de poluição, principalmente em grandes áreas urbanas, mas representam um investimento significativo para as empresas. Se estas empresas recebessem ajuda ou incentivos, poderiam renovar sua frota e se comprometer definitivamente com a 'logística verde' para o benefício de todos.

Assim, embora o mercado atual enfrente muitos desafios para a logística sustentável, este traz benefícios crescentes e, acima de tudo, uma vantagem competitiva. Se o consumidor já está comprometido com alimentos sustentáveis, o mesmo acontecerá com seus sistemas de produção e distribuição.

O cliente no centro

No momento, o setor da logística não pode oferecer um serviço B2C (para o consumidor) com a mesma estrutura do B2B (business to business). O termo 'última milha' refere-se ao último segmento de logística, ou seja, entrega em domicílio ou entrega no ponto de coleta para o consumidor final. Esta seção é a mais cara em termos económicos, então o desafio é reduzir o custo da entrega e o impacto negativo no meio ambiente, mantendo a cadeia de frio intacta.

Algumas empresas especializadas de última geração estão a desenvolver tecnologias para melhorar sua logística de frio. Um exemplo disso é a start-up Revoolt, que atualmente desenvolve, internamente, sensores de temperatura que serão introduzidos em seus veículos a partir de setembro para evitar a quebra da rede de frio na entrega. Outro exemplo é a Primafrío, que assinou um acordo de colaboração com a Intelligent Delivery, para criar um novo modelo de logística de transporte com soluções tecnologicamente avançadas, como armários de distribuição inteligentes.

Assim, as soluções de última geração dependem do redesenho das redes de distribuição para armazéns urbanos, pontos de recolha, caixas urbanas, veículos com chave inteligente. E, sobretudo, a utilização de Big Data e novas tecnologias para criar preditivos mais eficientes modelos de distribuição e aumentar a confiabilidade das entregas.

Artigo originalmente publicada no website da Fruit Attraction