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Revista TecnoAlimentar

Final do prémio Ecotrophelia Portugal 2020 marcada pela adaptação às novas tendências de consumo

O anúncio do vencedor do Ecotrophelia Portugal 2020 realizou-se numa cerimónia na Casa do Vinho Verde, no Porto. O projeto OrangeBee, que criou um preparado fermentado de aquafaba com uma camada de geleia de laranja, polvilhado com pólen apícola, sagrou-se o grande vencedor nacional. Além de 2 000 euros e prémios em serviços, para que possa melhorar o seu projeto, a equipa que arrecadou o galardão irá representar Portugal na final do Ecotrophelia Europe, a ter lugar em Paris.

OrangeBee Ecotrophelia Portugal 2020

A ideia do produto vencedor OrangeBee foi desenhada por duas estudantes da Universidade de Aveiro, Adelaide Olim, da área de biotecnologia alimentar, e Bárbara Vitoriano, da área do design. Numa união de esforços no âmbito das dissertações finais do curso, surgiu um objetivo conjunto, que vai de encontro ao combate do desperdício alimentar. O preparado fermantado, com base de aquafaba, isto é, água de cozedura de leguminosas, tem uma base de geleia de casca de laranja e é polvilhado com o pólen apícola. A ideia é que o produto seja envolvido com outros alimentos, funcionando como um topping

As duas estudantes criaram, assim, um produto com 80 kcal, com uma fonte rica em fibra e sem gordura. Esta é uma alternativa totalmente sustentável. Foi ainda utilizado o yacon, um produto ainda desconhecido pela maior parte da população portuguesa, que se trata de uma planta originária da Cordilheira dos Andes, cujas folhas e tubérculos são consumidos na forma natural em diversos países da América Latina. Assemelha-se a uma batata e pertence à família Asteraceae.

É uma fonte vegetal com um teor elevado de frutooligossacarídeos (FOS), uma fibra prebiótica com açúcares de baixo teor calórico que tem como objetivo alimentar as bactérias benéficas do nosso trato gastrointestinal. A fermentação de FOS no cólon tem sido associada a outros efeitos favoráveis sobre a saúde: o fortalecimento da resposta  imune, a melhoria na assimilação do cálcio, redução de triglicéridos e do colesterol e inibição da produção de toxinas e substâncias pro-cancerígenas no cólon. Os produtos OrangeBee promovem, não só o conhecimento desta planta tão nutritiva, levando-a a um público mais vasto, mas também o aproveitamento do desperdício das suas raízes quebradas.

O segundo classificado nacional foi o projeto Rice'N'Nice, que representava a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, e concorreu com o CodCauRi, um pastel de bacalhau sem batata, com couve-flor e um subproduto da indústria arrozeira, apresentado-se ultracongelado. As alunas foram distinguidas com um prémio monetário no valor de 1 000 euros.

O terceiro lugar foi arrecadado pela equipa FermentiVe, constituída por estudantes da Universidade de Lisboa – Instituto Superior de Agronomia e da Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências e Tecnologia, que levou a concurso uma conserva de tomate verde da indústria e de outros vegetais fermentados. A equipa venceu ainda o prémio "Born From Knowledge", programa promovido pela Agência Nacional de Inovação, S.A. (ANI) que tem como objetivo promover uma cultura de valorização do conhecimento científico e tecnológico em Portugal. 

A lista de finalistas englobou, ainda, produtos das mais diversas categorias, como bebidas, sobremesas e refeições preparadas, entre outras. Na disputa ao prémio, encontravam-se os projetos Healthy Pleasure, snack saudável de húmus de polpa de vegetal e chips de casca de vegetais; o MEGAsnacks, snack "on-the-go” ideal para o lanche dos mais novos; a Sólupis, granola de tremoço com mel e morangos liofilizados; a Gelalga, sobremesa de gelado com base de bebida de amêndoas e nata vegetal e com chips de alga marinha wakame; o Veganisco, produto pré-cozinhado congelado alternativo ao marisco tradicional; o Veggiedica, bebida vegetal de tremoço com aromas naturais de limão e canela e o VeggieMix, pré-preparado de farinhas alternativa e de hortícolas. 

João Miranda, embaixador do Ecotrophelia Portugal e chairman da Frulact, realçou que os estudantes da área precisam dos desafios e do trabalho em rede que o Ecotrophelia promove. «Esta atitude para com a partilha do conhecimento, a criação do conhecimento, o envolvimento das entidades do sistema científico e tecnológico é extremamente positiva», referiu, destacando que, apesar do ano atípico que se viveu, viu-se «trababalhos fantásticos». O embaixador realçou que «o nível das propostas que são apresentadas são cada vez mais interessantes, exigente e adaptadas aquilo que são as tendências, como a sustentabilidade, a preocupação com o ambiente e as alternativas à proteína da carne». 

A quarta edição da iniciativa, que é organizada pela PortugalFoods, associação que representa o agroalimentar português, teve 16 produtos a concurso, envolvendo 63 alunos de 14 instituições do ensino superior. Apesar dos contratempos provocados pela pandemia da Covid-19, a organização conseguiu que o evento marcasse pela diferença e resiliência. Deolinda Silva, diretora executiva da PortugalFoods, destacou a perseverança das equipas e dos trabalhadores da PortugalFoods, que conseguiram que o evento se realizasse, agradecendo aos parceiros e entidades que apoiaram o projeto. 

O apoio institucional ficou a cargo da Presidência da República, APCER, ANI, Born From Knowledge Awards, Câmara Municipal do Porto e TECMAIA. Este ano os parceiros da iniciativa foram a All The WayTravel, Brandit, CBS, Cerealis, Grupo Primor, MarketAccess, Novarroz, Patentree, Sociedade Portuguesa da Inovação e Vieira de Castro.