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Revista TecnoAlimentar

Consequências da Covid-19 nos mercados e abastecimento

Durante o lançamento da Campanha de Promoção da Batata Portuguesa 2020, uma iniciativa que conta o apoio institucional do Ministério da Agricultura e a parceria do Crédito Agrícola, algumas personalidades do setor aproveitaram para comentar as consequências da Covid-19 nos mercados e abastecimento.

MARL

Rui Paulo Figueiredo, um dos oradores e presidente da SIMAB, começou a sua intervenção por afirmar que «os mercados abastecedores têm um papel muito relevante em toda a cadeia de abastecimento», tratando-se de uma «base de encontro para todo o tipo de retalhistas». 

«As empresas que aqui estão (Mercado de Abastecimento de Lisboa - MARL) tanto fornecem a distribuição, como o canal Horeca, como estão em comunicação com as plataformas logísticas da distribuição, mas ao mesmo tempo também têm um papel essencial para as mercearias, mercados municipais e pequenas lojas de conveniência», aponta.

Sobre as alterações no consumo, o presidente da SIMAB destaca que se assistiu a um grande aumento da procura e que existiram setores que sofreram em larga escala, mas que não aconteceram problemas de abastecimento. «Era a primeira grande preocupação, mas o que tivemos foram desafios operacionais, quer para os mercados abastecedores, quer para as empresas. Naqueles primeiros quinze dias, todos os dias eram sexta-feiras acrescidas, porque tivemos mais de 20 mil pessoas a entrar no MARL», explica, realçando que tiveram que «procurar a compatibilidade adequada» com as «medidas de controlo de entrada» e «aumento das medidas de segurança».

«Um dos nossos contributos foi manter o nosso elo da cadeia a funcionar e manter a segurança alimentar», evidenciou. Sobre a situação atual, Rui Paulo Figueiredo acredita que «temos que manter a monitorização das medidas de controlo da pandemia, ao mesmo tempo que estamos a procurar reabrir, em segurança, a economia», apoiando as empresas e os canais de investimento.

Seguiu-se Pedro Pimentel, diretor-geral da Centromarca, que começou por apontar a «situação muito atípica» que se viveu no final de março, destacando, como os anteriores oradores, que o consumo se estabilizou, realçando que tal aconteceu devido à evolução do novo coronavírus em Portugal. 

O diretor-geral da entidade explicou que se verificou um «crescimento exponencial» durante as duas semanas últimas semanas de março, registando-se um aumento de 80% do grande consumo face ao período homologom, com o setor agroalimentar a representar, em conjunto com o da higiene, o maior número de vendas. Contudo, Pedro Pimentel também acredita que «reagimos bem face à situação internacional» e «mantemos a cadeia a funcionar». Sobre alterações no consumo, Pedro Pimentel acredita que «passamos a privilegiar mais serviço do que preço», tivemos uma «menor preocupação com marcas» e criamos stocks nas nossas casas.

Sobre se o comércio de proximidade e o comércio online, Pedro Pimentel tem algumas dúvidas sobre o futuro. «Temos aqui a tempestade perfeita. Eu estou em casa, dá jeito receber compras em casa, estão sempre pessoas em casa mas, no momento em que eu sair à rua, será que o comportamento será sempre o mesmo? Sem querer ser pessimista, é preciso deixar acentuar a poeira e só depois perceber o que é o comportamento típico numa situação atípica», conclui.