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Revista TecnoAlimentar

A preocupação do setor agroalimentar com o coronavírus

Segundo as informações publicadas pelas autoridades internacionais, a fonte da infeção do coronavírus é desconhecida e ainda pode estar ativa. Contudo, a maioria dos casos está associada a um mercado - o Wuhan’s Huanan Seafood Wholesale Market - específico de alimentos e animais vivos (peixe, mariscos e aves), o que está a preocupar o setor agroalimentar. 

Coronavírus

Os primeiros casos de infeção estão relacionados com pessoas que frequentaram este mercado por isso, suspeita-se que o vírus seja de origem animal, mas não existem certezas, isto porque já foram confirmadas infeções em pessoas que não  tinham visitado este mercado. Segundo a revista Lancet, esta mutação do vírus teve a sua origem em morcegos e terá sido transmitida a outros animais no mercado que, no entretanto, já foi encerrado dia 1 de janeiro. 

Já em 2002 se tinha assistido a uma epidemia semelhante causada por um coronavírus (SARS-CoV), também com origem em morcegos, transmitido ao mamífero Civeta-africana e daí à espécie humana. Nos últimos 20 anos, o mundo foi surpreendido com três situações de novos vírus vindos da China - a SARS em 2002, a gripe das aves em 2009 (H1N1) e agora um novo coronavírus, o 2019-nCOV. 

Os dados divulgados recentemente pelas autoridades chinesas apontam para 304 mortes na China e mais de 14 mil infetados pelo 2019-nCOV. As empresas agroalimentares asiáticas têm sofrido as mais diversas consequências desta nova infeção, quer a nível de segurança, quer a nível de mercados.

A título de exemplo, a edição deste ano da Fruit Logistica, a maior feira de frutas e legumes do mundo, não contará com a presença de vários dos seus clientes valiosos, tanto expositores como visitantes profissionais, que todos os anos rumam à feira da China, como consequência inevitável do recente surto de coronavírus.

Apenas um dia antes do evento, verificou-se que aproximadamente 50% das empresas chinesas cancelaram a sua participação. Originalmente, existiam cerca de 90 empresas chinesas registradas na Fruit Logistica.

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda esteja confiante na abordagem do governo chinês, nos últimos dias, várias companhias aéreas europeias, incluindo a Lufthansa, British Airways, Turkish Airlines, Air France e KLM, anunciaram a suspensão, redução ou cancelamento de voos domésticos de e para várias cidades da China continental. Como tal, muitas empresas chinesas tiveram dificuldades em encontrar voos disponíveis para a Europa. A maioria das empresas cancelou porque não conseguiu encontrar outro voo para a Europa.

Contudo, algumas empresas cancelaram automaticamente os seus planos de participação em consideração à prevenção de epidemias. A epidemia não apenas afetou os planos de viagem dos expositores chineses, mas também afetou os negócios das empresas, relacionadas com a falha na entrega dos produtos devido a falta de pessoal e cancelamento de transportes. 

Já os países do sudeste asiático, como a Tailândia, Singapura e Vietname, estão a preparar-se para aliviar o impacto económico do surto do novo coronavírus de Wuhan em setores como o turismo e exportações.

As consequências económicas do coronavírus são ainda imprevisíveis, mas já se antecipa uma quebra no PIB chinês e vários problemas com as exportações, não só as alimentares.