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Revista TecnoAlimentar

Robótica e Automação na Indústria Alimentar

Food-Handling-RobotA robótica alterou o modo de produção em quase todos os setores industriais, contribuindo para o aumento da eficiência e consistência dos produtos. Contudo, até há pouco tempo, a produção alimentar foi uma exceção a esta tendência. Existem muitas razões para este facto, mas uma das mais frequentemente citadas é que, ao contrário da maioria dos produtos, os produtos alimentares, devido à sua natureza, diferem significativamente na consistência e na forma. Este facto apresenta-se como um desafio considerável para os procedimentos de processamento automatizado.

A Indústria Alimentar

A indústria de produção alimentar é um dos maiores setores produtivos na maior parte dos países Europeus. Representa cerca de 13% de toda a produção na União Europeia, contribuindo com aproximadamente 900 mil milhões para a economia e emprega perto de 4 milhões de pessoas. É uma indústria muito diversa e fragmentada, com produtores de (muito) grande e (muito) pequena dimensão: porém, a grande maioria pode ser classificada como Pequena ou Média Empresa (PME).

A produção e conceção dos alimentos é realizada maioritariamente de forma manual, sendo que este modo de produção ocorre com maior incidência nas PME. Atualmente, alguns dos maiores produtores usam tecnologia de ponta na área da automação, mas este facto não é predominante nas PME, onde quer as infraestruturas técnicas, quer o investimento em investigação e desenvolvimento em engenharia são significativamente mais baixos.

O retalho alimentar na Europa tende a centralizar-se num número relativamente pequeno de grandes distribuidoras: como consequência, estes distribuidores alimentares têm uma influência significativa no preço e alcance dos produtos. Contudo, algumas questões às quais os produtores alimentares têm que responder incluem a pressão para reduzir custos, a competição com países extra-UE, a procura por uma maior variedade de produtos, tempos de produção mais curtos, ou o aumento da consciência e preocupação do consumidor com padrões de higiene alimentar e legislação ambiental.

 

Procedimentos de Produção Atuais

A indústria de produção alimentar tem as suas origens numa qualquer cozinha, dado a preparação dos alimentos numa fábrica ser, essencialmente, uma versão alargada do ambiente doméstico.
À medida que a produção alimentar cresceu, as empresas de maior dimensão constataram o benefício da automação, particularmente no embalamento e na paletização. Mais recentemente, a disponibilização de robots “pick-and-place” altamente eficientes permitiram à automação dar um salto qualitativo e tomar conta de operações com produtos alimentar nas linhas de produção. Porém, estes sistemas são, na grande maioria dos casos, instalados apenas em linhas de produção de grande volume, de longa duração e de produto único.

Empresas mais pequenas, que constituem 90% do universo dos produtores alimentares na Europa, têm sido muito lentos na incorporação da automatização. As razões para esta ocorrência incluem recursos e conhecimento limitados, volatilidade do mercado, a crença de que a automação não é compatível para a produção de produtos mais frágeis, variáveis ou naturais, e a predominância de encomendas no curto-prazo, o que desencoraja o investimento de capital na automação.

Estas considerações influenciaram a evolução da indústria, particularmente nas predominantes PME do setor, resultando numa forte ligação à produção manual. Mas, ao longo da última década, um variado número de tendências emergiram, o que tem desafiado a abordagem da produção manual intensiva. A automatização moderna está mais versátil do que nunca, o que faz merecer a atenção dos produtores alimentares de quase todas as dimensões.

 

Automatização na Produção Alimentar

Esta evolução levou a uma integração gradual da automação no setor. Para produtos de longa duração, com uma grande economia de escala, ou produtos únicos, soluções automatizadas fixas ou rígidas são apropriadas. Estas podem ser constituídas por robots ou combinações de aparelhos eletromecânicos. Se os produtos são regulares na forma e bem localizados, as soluções simples são suficientes. Contudo, se a forma do produto varia consideravelmente, ou tem necessidades específicas ou variáveis, a solução de automação será com certeza mais complexa. Mas isso está a mudar. Recentemente, a combinação de sistemas eletromecânicos e robots mostraram que estes conseguem processar autonomamente a maior parte dos produtos.

Inicialmente, a automação na indústria alimentar centrava-se no trabalho final da linha de produção (como os ensacadores mecânicos computadorizados). Os robots fizeram este trabalho com distinção, mas existia uma procura por máquinas mais rápidas e ágeis, capazes de trabalhar mais à frente na linha de produção e que providenciasse operações de “pick-and-place” mais rápidas, e é este o desafio que a indústria da robotização está a tentar solucionar para os produtores alimentares.
O Futuro

Olhando para o futuro, os procedimentos de produção deverão continuar provavelmente os mesmos, mas a resistência contra a automação desapareceu largamente. A operação manual deverá continuar para mercados e produtos particulares, mas será interrompida por “ilhas” de equipamentos autónomos. A forma e natureza da indústria será determinada pela influência dos mercados, cabendo à automação industrial um papel importante a desempenhar, providenciando tecnologia que assegure ao setor continuar a responder no imediato às exigências, aos padrões de qualidade, e à competitividade dos preços dos produtos alimentares.

Talvez o maior desafio que a indústria alimentar enfrenta na implementação da automação e robótica seja encontrar engenheiros para assegurar a adoção e criação de técnicas de produção. Assim, escolas, centros de formação e instituições de ensino nas áreas da engenharia têm um papel importante na criação de uma indústria de produção alimentar genuína e competitiva.
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