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Revista TecnoAlimentar

Personalização de Produto: para onde caminhamos?

"Somos o que comemos", "Os olhos também comem", estas são duas expressões muito comuns entre nós. De um ponto de vista conceptual, estas duas frases tão populares têm especial importância quando se fala da personalização de produto, num contexto social e de mercado em que as redes sociais mudaram o modelo de relação com os consumidores.

Para além disso, estão a aparecer tecnologias disruptivas, como os wereables ou as impressoras 3D, e conceitos tecnológicos como o big data (megadados) ou a Internet of Things.
Também estamos a passar por avanços na medicina, saúde e hábitos de consumo, como a epigenética, assim como uma tendência crescente no conhecimento sobre as preferências dos consumidores. Se tivermos consciência deste momento atual, a partir de uma perspetiva social e tecnológica, apresenta-se um cenário a médio prazo com muitas possibilidades reais para se oferecer ao consumidor um produto com um alto nível de personalização.

Somos o que comemos: epigenética e big data

Abordando as tecnologias disruptivas e wereables, uma empresa de São Francisco, EUA, desenvolveu um sensor portátil que, en menos de dois minutos, alerta o consumidor no caso do alimento conter glúten. Atualmente, o consumidor mundial é cada vez mais crítico com a sua alimentação, que se aproxima cada vez mais do conceito de "natural", procurando um produto mais saudável e com informação mais facilmente compreensível. Existe uma grande variedade de estudos que justificam esta tendência. As empresas tratam de adaptar-se a estas preferências variando as fórmulas e o design, entre outros aspetos.

Na perspetiva tecnológica, a nutrição personalizada já é uma realidade e é expectável que seja acessível aos consumidores num sentido amplo, no qual o big data desempenhará um papel fundamental. Se podemos adaptar a dieta ao nosso ADN e às nossas preferências, a qualidade de vida irá melhor e, com isso, a saúde. Neste sentido, recentemente produziram-se avanços significativos no campo da epigenética como por exemplo a observação de como se herda a memória epigenética. A Nestlé está a intensificar a sua investigação no campo da epigenética destinando 22 milhões de francos suíços a um consórcio de centros de investigação que durante 6 anos irão centrar os seus trabalhos neste campo. A alimentação nos primeiros anos de vida de um ser humano é relevante para o seu futuro em máterias de saúde, bem-estar e qualidade de vida, daí a necessidade de melhorar o conhecimento neste campo.
Por outro lado, a alteração de hábitos em rotinas diárias provocado por exigências do trabalho, fazem que cada vez mais tenhamos que alimentar-nos fora de casa. A personalização de produto nestes contornos é um desafio recorrente para o setor da restauração.

Comer com os olhos: design de embalagem e informação online

Neste sentido, e sobretudo no setor da distribuição, estão-se a aplicar recursos tecnológicos como a realidade aumentada, que fornecem inteligência ao packaging. À medida que existem mais dispositivos conetados à Internet, integrados com produtos de consumo, mais fácil será chegar a personalizar tanto a interação com o consumidor como a oferta apresentada. Assim, o big data permitirá que a partir das preferências individuais dos consumidores se possa ter um melhor conhecimento dos diferentes grupos populacionais.

Num estudo recente realizado a consumidores de cerveja, colocou-se em evidência que o impacto da embalagem nas emoções do consumidor é maior do que aquele exercido pelas propriedades sensoriais do próprio produto. Algumas marcas como Coca-Cola ou Heinz já desenvolveram iniciativas procurando um maior engagement (envolvimento) como o consumidor através da personalização da embalagem.

O estudo Global Food & Drinks Trends 2016 da Mintel, assinala o aspeto visual do produto como uma das tendências emergentes para 2016 a nível mundial. Enquanto que o sabor foi o centro da inovação durante muito tempo, agora a investigação caminha na apresentação do produto em cores vivas. É por isso que a adequação do design de embalagem será fundamental.

No seguinte gráfico podemos verificar a evolução das inovações nos últimos 5 anos a nível mundial e na indústria alimentar, identificando-se uma tendência crescente no lançamento de novas embalagens.

Vantagem Competitiva: marketing, consumidor e tecnologias

A personalização do marketing oferecerá muitas vantagens competitivas. Quem melhor conhecer o consumidor global, o seu público-alvo, as suas preferências particulares, e saiba identificaras as oportunidades irá dispor de uma vantagem competitiva para desenhar e promover os seus produtos.

Saber o que oferecer, como e a quem, é um desafio que passa por fazer um uso adequado das tecnologias de informação que estão já ao nosso alcance. Conhecer o perfil do público alvo, grupo populacional e localização geográfica, entre outros fatores, é fundamental para aumentar o impacto das campanhas comerciais.

No próximo dia 23 de novembro, irá decorrer o Seminário "Fatores de Competitividade na Indústria Alimentar", na Alimentaria & Horexpo,  com um painel dedicado ao Design de Embalagem.