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Revista TecnoAlimentar

Perigos alimentares parasitários em javalis na Península Ibérica

Por: Zita Martins Ruano | Humberto Rocha | Teresa Mateus

javalis

Nas últimas décadas a caça maior, sobretudo o javali (Sus scrofa), assumiu um papel importante a nível social, cultural e económico em várias regiões de Portugal e Espanha. Devido à sua abundância, o javali é atualmente a espécie cinegética mais popular da Península Ibérica.

Por outro lado, o aumento da população de javalis disparou a preocupação em relação ao controle de doenças infeciosas e o impacto na saúde pública, nomeadamente na segurança alimentar.

O conhecimento do estado sanitário destes animais torna-se uma questão essencial, sobretudo se estes forem para consumo humano.

Caça e Saúde Pública

A caça de animais é praticada pelo Homem desde tempos ancestrais. Para além de ser uma fonte de nutrientes/ alimentos, a caça era praticada com finalidades desportivas.

Nos dias de hoje, a atividade cinegética reflete uma grande componente social e económica, pela participação nas batidas e montarias, pelo interesse na obtenção de troféus e pela aproximação dos animais selvagens, por exemplo, nas esperas aos javalis.

De acordo com o Decreto-Lei n.º 202/2004 de 18 de agosto, caça é definida como uma forma de exploração racional dos recursos cinegéticos.

No mesmo Decreto-Lei os recursos cinegéticos são definidos como, as aves e os mamíferos terrestres que se encontrem em estado de liberdade natural, quer sejam sedentários no território nacional quer migrem através deste, ainda que provenientes de processos de reprodução em meios artificiais ou de cativeiro.

De acordo com o Regulamento (CE) n.º 853/2004 de 29 de abril de 2004, a caça selvagem refere-se a ungulados e lagomorfos selvagens, bem como outros mamíferos terrestres selvagens que são caçados para consumo humano, incluindo os mamíferos que vivem em território vedado em condições de liberdade e aves selvagens que são caçadas para consumo humano.

As espécies cinegéticas assumem um papel fundamental nos ecossistemas, constituindo-se como um importante recurso natural renovável.

A transmissão de agentes causadores de doenças está relacionada com a proximidade espacial, nomeadamente de espécies pecuárias (contacto entre animais domésticos e selvagens que partilham o mesmo ambiente) e pelas más práticas de gestão de efetivos pecuários infetados.

O impacto dos problemas sanitários nas espécies de interesse cinegético repercute-se na conservação da própria espécie e de outras selvagens, na saúde das espécies domésticas, podendo ainda refletir-se na saúde pública, devido às zoonoses e à introdução de produtos contaminados na cadeia alimentar (Castro-Hermida et al., 2011; Martínez-López et al., 2013).

Amaral et al. (2015) referem que apesar dos dados sobre a produção e o consumo de carne de caça serem escassos, a produção de carne de caça tem vindo a aumentar na última década, o que poderá eventualmente estar relacionado com um aumento do seu consumo.

Assim, impõe-se uma recolha sistemática de dados sobre a ocorrência de zoonoses nos animais selvagens, tal como é sugerido pela Diretiva 2003/99/CE de 17 de novembro de 2003.

Neste artigo vamo-nos debruçar essencialmente sobre o javali (Sus scrofa), abordando a ocorrência de algumas zoonoses desta espécie na Península Ibérica e o impacto na segurança alimentar.

(Continua)

Aceda ao artigo na íntegra na edição n.º 6 da edição impressa da Revista TecnoAlimentar.

Solicite a edição ou a assinatura através do seguinte email: marketing@tecnoalimentar.pt.

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