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Revista TecnoAlimentar

Laboratório de Enologia dos Açores já pode analisar vinhos para certificação

Os vinhos produzidos nos Açores já podem ser analisados no Laboratório Regional de Enologia para certificação, anunciou o secretário regional da Agricultura, destacando os «ganhos de custo e de proximidade para os vitivinicultores açorianos» da medida.

«Além da mais-valia de ser um reconhecimento internacional da sua competência técnica, vai permitir que os vinhos produzidos no arquipélago e que se candidatarem a certificação através da Comissão Vitivinícola Regional sejam analisados na região, mais precisamente neste laboratório», disse Neto Viveiros, na cerimónia de acreditação do laboratório, na Madalena, ilha do Pico, cuja paisagem da cultura da vinha é Património Mundial.

Sobre o laboratório, inaugurado em 2011 após um investimento de 1,2 milhões de euros e que disponibiliza apoios aos viticultores dos Açores em todo o ciclo de produção, Neto Viveiros referiu que registou um aumento em 247% do número de amostras rececionadas anualmente, tendo passado de 1.375 naquele ano para 3.395 o ano passado.

No discurso, o secretário regional da Agricultura e Ambiente referiu, também, a evolução da cultura da vinha no arquipélago, onde, no século XVII, ocupava cerca de 16 mil hectares, correspondendo então a 10,5% da superfície agrícola útil dos Açores, para no final do século XX se situar nos 3.000 hectares, equivalentes apenas a 2,5% daquela superfície.

«Esta diminuição teve origem conhecida em fatores como a substituição de castas nobres por híbridos de produtores diretos, devido ao aparecimento da filoxera e do oídio, doenças que também motivaram o abandono gradual das terras dedicadas à produção de uva», apontou, destacando, depois, iniciativas do executivo açoriano para relançar a cultura do vinho, como a criação de três zonas demarcadas – Pico, Biscoitos (Terceira) e Graciosa -, a criação da Indicação Geográfica Protegida, a constituição da Comissão Vitivinícola Regional e o direcionamento de ajudas ao rendimento.

Para Neto Viveiros, os Açores estão a conseguir «inverter a tendência do abandono da cultura e da paisagem tradicional», assinalando que se vê cada vez mais jovens a iniciar a sua atividade como produtores, «promovendo a diversidade e o aumento da qualidade dos vinhos, muitos já reconhecidos nacional e internacionalmente».

Segundo o governante, atualmente está em restruturação nos Açores «uma área de vinha de mais de 326 hectares, quando, entre 2009-2013, apenas foram reestruturados 34,05 hectares».

O secretário regional da Agricultura e Ambiente adiantou que o executivo açoriano quer continuar a aposta na dinamização do vinho e da sua cultura, que «passa também por promover o enoturismo na região».

A este propósito, Neto Viveiros informou que a Assembleia das Regiões Europeias Vitícolas, de que faz parte o arquipélago, está a estudar a criação de uma marca enoturística para ser utilizada pelos seus membros.

«O objetivo é criar uma marca não comercial que identifique e promova o produto, por exemplo ‘Vinhas da Europa’, permitindo, assim, uma diferenciação relativamente a outros territórios», acrescentou.

Fonte: Lusa