FacebookLinkedin

Revista TecnoAlimentar

Como vê o consumidor a "Qualidade Alimentar"?

A palavra "qualidade" deriva etimologicamente do latim "qualitas", que significava "atributo, propriedade ou natureza básica de um objeto" por isso parece lógico assumir que a qualidade alimentar está intimamente ligada às qualidades intrínsecas de um alimento, a partir das quais podemos julgar o seu valor.

Qualidade alimentar é definido legalmente como o "conjunto de propriedades e características de um produto alimentar ou alimento relativas a matérias primas ou ingredientes utilizados na sua elaboração, natureza, composição, pureza, identificação, origem e rastreabilidade, assim como os processos de elaboração, armazenamento, embalagem e comercialização utilizados na apresentação do produto final, especialmente no rotulado".

A partir deste ponto, é possível compreender que a enumeração legislativa destas qualidades do produto alimentar vem responder a uma necessidade de medir de um ponto de vista técnico a qualidade de um produto e assim poder compará-lo com outro. É possível afirmar que estamos perante um conceito de qualidade objetiva dos alimentos.

Contudo, existe outro conceito de qualidade, a qualidade percebida pelo consumidor ou "a opinião do consumidor sobre a superioridade ou excelência de um produto (Zeithaml, 1998). A partir daqui surge a questão: Os conceitos de qualidade objetiva e qualidade percebida pelo consumidor coincidem? De que necessita um produto alimentar para ser considerado pelo consumidor como um produto de alta qualidade? e, para além disso, são apenas as qualidades intrinsecas de um alimento as que condicionam a qualidade percebida ou intervêm outras variáveis? Até que ponto condiciona o nível de qualidade percebida num produto alimentar a tomada de decisão de compra?

O consumidor e a qualidade percebida dos alimentos

Segundo os resultados do inquérito “Global Consumer Food Safety and Quality” realizado a consumidores de 9 países (Brasil, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Suécia, Estados Unidos, Reino Unido e Espanha), a maioria dos consumidores não confiam na segurança e qualidade dos alimentos que consomem. De facto, apenas 10% dos inquiridos afirmou confiar plenamente na qualidade dos produtos adquiridos.

O motivo porque quase 75% dos consumidores inquiridos justificou a compra dos produtos foi os preços baixos. Por outro lado, apenas 16% dos consumidores afirmaram adquirir o produto por considerar que possuia uma melhor qualidade percebida.

À pergunta "Como poderão as marcas melhorar a confiança e perceção da qualidade?", 91% dos inquiridos admitiram que é importante saber a origem dos alimentos (rastreabilidade) e 62% afirmou não ter suficiente informação acerca do que contém a sua comida e de onde vem. Aqui, pode consultar os principais resultados do inquérito.

Por outro lado, a revista Food Navigator destaca que os produtos percebidos como de alta qualidade, só o são na medida em que a sua comercialização é acompanhada por uma promoção adequada.

Consumidor: valor da inovação alimentar e qualidade percebida

Um terceiro inquérito a nível mundial é apresentado pela revista IFT. Segundo este inquérito, 60% dos consumidores inquiridos prevê que nos próximos 10 anos seja possível disfrutar de uma maior variedade de alimentos devido à inovação, mas que estes serão de menor qualidade. O problema está nos consumidores inquiridos que não acreditam que as qualidades que valorizam nos alimentos (frescos, naturais e saudáveis) venham a estar presentes nesses novos produtos.
O mesmo inquérito destaca os produtos frescos, indentificando o "fresco como o melhor".

Fonte: Ainia.