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Revista TecnoAlimentar

A aceitação por parte do consumidor de alimentos geneticamente editados

Relatório “A aceitação do consumidor de alimentos geneticamente editados”, da FMI Foundation, que foi difundido pela CiB Portugal, resulta de uma ampla investigação sobre as crenças, o conhecimento, o entendimento e a disposição dos consumidores norte-americanos para pagar por alimentos que foram produzidos com a aplicação da edição do genoma de plantas.

Esta trata-se de uma ferramenta biotecnológica que está a revolucionar a agricultura e outras áreas igualmente cruciais, como a medicina e a indústria farmacêutica.

Para este estudo da FMI Foundation foram inquiridos 4 487consumidores norte-americanos que participaram em cenários de compra simulados com uma variada escolha de produtos a preços diferentes: por exemplo, produtos rotulados como biológicos, não OGM, de bioengenharia, geneticamente editados e de produção convencional.

Relativamente à conclusões, independentemente do produto alimentar, da presença de processamento ou das informações, a disposição para consumir produtos rotulados como biológicos é maior do que os outros. Os inquiridos consideraram os alimentos biológicos mais saudáveis, seguros e mais benéficos para o bem-estar dos animais, mas também afirmaram que são mais caros.

A disposição de pagar pelos produtos geneticamente editados tende a ser menor do que os convencionais e de bioengenharia. No entanto, a disposição dos consumidores para comprar produtos geneticamente editados aumentou significativamente quando lhes foram fornecidas informações sobre os benefícios da tecnologia de edição do genoma.

Este dado sugere que fornecendo aos inquiridos apenas informações sobre a tecnologia de edição do genoma não é suficiente para aumentar a sua disposição em comprar produtos geneticamente editados. Para que esta tecnologia seja mais amplamente aceite, é necessário complementar essas informações com mensagens específicas sobre os seus benefícios. Nos consumidores, o impacto dos benefícios ambientais da tecnologia é mais forte do que os benefícios para os agricultores.

Os consumidores têm um nível muito baixo de conhecimento sobre os produtos geneticamente editados. Cerca de metade dos inquiridos afirmou nunca ter ouvido falar em edição do genoma

Os entrevistados participaram em jogos de associação de palavras, que revelaram medo associado ao desconhecido. Palavras conotadas negativamente dominaram as referências a "geneediting" (edição de genes). Além disso, essas referências assemelhavam-se àquelas que lhes foram fornecidas para produtos geneticamente modificados.

Apesar da perceção positiva em relação aos produtos biológicos, os inquiridos compram principalmente alimentos produzidos por métodos convencionais. Quando perguntados diretamente sobre as motivações primárias de compra, os entrevistados geralmente classificam o preço e o sabor primeiro, enquanto os métodos de produção geralmente caem entre uma lista de possíveis motivações.

A análise de cluster resultou em três segmentos distintos de preferência pelo risco, aversão ao risco e neutro em relação ao risco. Uma análise mais detalhada dos segmentos por tratamento revela que, quando fornecidas informações básicas, a participação dos inquiridos no grupo avesso ao risco aumenta e o grupo que tem preferência pelo risco diminui. Esse efeito reverte quando são fornecidas informações sobre os benefícios ambientais.

A disposição para pagar alimentos produzidos com edição do genoma varia de acordo com o tipo de produtos e os níveis de processamento. Quanto ao primeiro, os consumidores estão dispostos a pagar relativamente mais pelos vegetais frescos geneticamente editados (tomate e espinafre) do que pela carne fresca, quando as informações são fornecidas. Para produtos vegetais frescos, a disposição para pagar é maior em comparação com a contrapartida processada. Por outro lado, a disposição para pagar pela carne geneticamente editada é maior no bacon do que nas costeletas de porco.

 Apesar das opiniões negativas sobre os alimentos geneticamente editados, alguns consumidores valorizam a opção de pode comprá-los. Quando os consumidores são informados dos benefícios da reprodução genética, a participação no mercado de produtos geneticamente editados (quando comparados com biológicos, não OGM, convencionais e bioengenharia) excede 15%. A disposição do consumidor para pagar para ter alimentos geneticamente editados disponíveis varia de 0,00 € a 0,21 € por opção.

Os resultados deste estudo revelam que os consumidores geralmente pensam negativamente sobre a tecnologia da edição do genoma. No entanto, mais da metade dos entrevistados indica nunca ter ouvido falar da tecnologia. Apenas informar os consumidores sobre a tecnologia tem efeitos triviais na sua disposição para os comprar, mas informações específicas sobre os benefícios da edição do genoma podem melhorar significativamente a aceitação do consumidor pela tecnologia.