Universidade de Aveiro descobre benefícios dos resíduos do abacate

FOTO Kjokkenutstyr/ PIXABAY
Christina Genet
Um projeto de investigação português revela o potencial dos subprodutos do abacate para aplicação em setores tão diversos como a saúde, a alimentação e a cosmética.
No próximo aperitivo com guacamole e nachos, talvez valha a pena pensar duas vezes antes de deitar fora a casca e o caroço do abacate. De facto, estes resíduos contêm compostos bioativos valiosos, com benefícios relevantes para a saúde e mostram potencial para várias indústrias, como a alimentar e a cosmética. Uma investigação da Universidade de Aveiro chegou recentemente a estas conclusões tendo como base o abacate da variedade Hass, a mais produzida e consumida no mundo.
Bruna Neves teve oportunidade de aprofundar o tema no âmbito do seu projeto de doutoramento, com a orientação da investigadora Tânia Melo e da professora Maria Rosário Domingues. A jovem investigadora destaca a presença das biomoléculas ómega-3 e ómega-6, salientando que foram identificados “pela primeira vez lípidos ricos nestes ácidos gordos essenciais.” Além disso, “estes subprodutos do abacate são também ricos em ácido oleico tal como o azeite, sendo estas gorduras bastante benéficas para a saúde.”
Apoiar a prevenção de doenças cardiovasculares
Os resultados do estudo indicam que os subprodutos do abacate têm potencial de aplicação em diversos setores industriais, especialmente na área da saúde. Graças às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e ao elevado teor de gorduras saudáveis, estes compostos podem funcionar como “auxiliares na prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, contribuindo assim para o bom funcionamento do coração e para a saúde do cérebro”, explica Bruna Neves. Acrescenta ainda que são benéficos para a pele e ajudam a retardar o envelhecimento precoce.
Por outro lado, o abacate pode vir a ser um aliado importante na formulação de produtos cosméticos, ajudando a melhorar a estabilidade oxidativa dos cremes. A casca e o caroço da fruta podem ainda contribuir para a criação de ingredientes alimentares bioativos com elevado valor nutricional.
Atualmente, a investigação da Universidade de Aveiro entra numa nova fase em que se pretende promover o reaproveitamento destes resídios do abacate. A doutoranda sublinha: “não só evitamos desperdício e ajudamos o meio ambiente, como também promovemos uma economia circular e sustentável, aproveitando tudo o que o abacate tem a oferecer.”
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