Alimentos frescos e desperdício alimentar em contexto doméstico: causas e consequências
- 03 novembro 2025, segunda-feira
 - Consumo
 

FOTOGRAFIA: AS_Photography/ PIXABAY
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), estima-se que, em 2022, cerca de 1,05 mil milhões de toneladas de alimentos foram desperdiçados em contexto de retalho, restauração e doméstico, o que equivale a 132 kg per capita. Desse total, 60 % ocorrem em contexto doméstico, 28 % em serviços de restauração e 12 % no retalho alimentar.
Na União Europeia (UE), também em 2022, desperdiçam-se ao longo de toda a cadeia alimentar, mais de 59 milhões de toneladas de alimentos, o que representa 132 kg por habitante. Mais de metade deste desperdício alimentar (54,5 %) provém dos agregados familiares, seguido do processamento alimentar (18,9 %), restauração (11,3 %), retalho (8,3 %) e produção primária (7,0 %).
De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, em 2022, foram desperdiçados 1,93 milhões de toneladas de alimentos em Portugal. Desse total, as famílias portuguesas foram responsáveis por aproximadamente 1,285 milhões de toneladas, representando a maior fatia do desperdício alimentar nacional.
Quer dizer, o contexto doméstico é o maior responsável pelo desperdício alimentar, devido ao facto de os consumidores pela intensidade da sua vida diária terem dificuldade em se consciencializarem dos diferentes momentos em que desperdiçam alimentos. De facto, na fase de consumo, o desperdício alimentar pode decorrer desde o planeamento da refeição, passando pela preparação e distribuição das porções de comida e culminando no ato de consumo propriamente dito.
A dificuldade em conciliar as preferências quer ao nível do sabor ou da preparação dos alimentos, a perceção de que determinados alimentos não fazem parte do prato principal, funcionando como complemento ao mesmo (caso do arroz, das batatas, da massa), sendo economicamente menos valorizados comparativamente a alimentos com elevado conteúdo proteico como o peixe ou a carne, a quantidade de comida servida em demasia face às necessidades nutricionais e de saciação, bem como o facto de se considerar natural deixar comida no prato, tendo em conta a cultura de abundância e de conveniência que vigora nas sociedades ocidentais, e o facto de não existir uma verdadeira preocupação/responsabilização em relação a este assunto, são fatores que proporcionam a existência de desperdício no ato de consumo. (...)
Autora da coluna "Consumo"
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