A força da globalização no consumo alimentar

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Atualmente, os mercados são maioritariamente globais, traduzido na universalização das trocas, quer de bens (fluxo de mercadorias) quer de capital (fluxo de dinheiro), quer de informação, aumentando significativamente as possibilidades de escolha das pessoas. O avanço dos sistemas logísticos e a sua eficiência, como o transporte marítimo, aéreo e terrestre, reduz o tempo e os custos das transações comerciais, permitindo a exportação de alimentos com rapidez, tornando os mercados globais mais acessíveis.

Neste sentido, o comércio internacional amplia a disponibilidade de ingredientes e de alimentos de diferentes partes do mundo, possibilitando a experimentação de novos alimentos e sabores. Quer dizer, a globalização facilita o intercâmbio cultural, levando à disseminação de hábitos alimentares entre diferentes países e hemisférios. Pratos típicos de regiões longínquas tornam-se populares no ocidente, como é o caso do sushi (associado à culinária japonesa) ou do dim-sum (associado à culinária cantonesa) e os ingredientes de lugares remotos, como o polvilho azedo (associado à culinária brasileira) ou o molho Sriracha (associado à culinária tailandesa), encontram-se disponíveis num grande número de supermercados.

Reciprocamente, com a globalização, a alimentação homogeneizou-se e ocidentalizou-se, quer em países em vias de desenvolvimento, quer em países com uma rica e ancestral tradição culinária, como é o caso do Japão ou dos países do sul da Europa. Este tipo de alimentação, comum nos países da Europa e dos Estados Unidos da América, é caracterizada pelo elevado consumo de alimentos de origem animal, carnes vermelhas e processadas, cereais refinados, laticínios, açúcares, sal, e um consumo reduzido de frutas, vegetais e de cereais integrais, sendo que este padrão alimentar constitui um dos fatores de risco para as Doenças Crónicas Não Transmissíveis, nomeadamente diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doenças respiratórias, diversos tipos de cancro, problemas osteoarticulares e problemas psicológicos.

Por exemplo, Portugal é um país rico e diversificado em termos de alimentação e culinária. Tem por base uma alimentação mediterrânea com características atlânticas (elevado consumo de pescado), tendo recebido historicamente influências de diferentes civilizações e lugares do mundo, com diversos padrões de consumo alimentar e produção de alimentos. A presença de romanos e árabes no nosso território influenciou grandemente a agricultura e a culinária portuguesa.

Os romanos introduziram o alho e a cebola na culinária, os quais, ainda hoje, funcionam como ingredientes principais da maioria dos pratos nacionais. Introduziram também a produção do trigo em Portugal, bem como a cultura do olival e da vinha, ainda hoje tão representativas da produção agrícola nacional. Por outro lado, a influência árabe introduziu as árvores de fruto como a amendoeira, a figueira, a laranjeira, bem como o mel e a cultura do arroz. Por outro lado, os Descobrimentos Portugueses foram um marco inicial da globalização, estabelecendo as bases do comércio mundial, com as primeiras rotas marítimas, e a troca de culturas, surgindo no mercado e na culinária outros alimentos, destacando-se o café e a pimenta, oriundos do continente africano, bem como especiarias exóticas (pimenta, canela, gengibre e noz-moscada) vindas das carreiras da Índia, ou o café, o açúcar e o ananás, provenientes do Brasil. (...)

Leia o artigo completo na TecnoAlimentar nº 43, abril/ junho 2025 dedicada ao tema "Desafios na logística"
Ana Pinto de Moura

Autora da coluna "Consumo"

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