FacebookLinkedin

Revista TecnoAlimentar

Tendências e expectativas no mercado das bolachas

Encerrada a crise que afetou Portugal no início da década, a economia do país passou por um verdadeiro renascimento, o que garantiu uma realidade de sucessivas taxas de crescimento no PIB, queda no desemprego e maior confiança e disposição para gastar por parte dos portugueses.

Bolachas

Por: Victor Camillo Palandi, Senior Analytics Consultant da Nielsen

Esse cenário é diretamente refletido no grupo dos Fast-Moving Consumer Goods (FMCG), que apresentou um crescimento de 4,8% em faturação em 2019 em comparação com 2018 – face ao crescimento de 2% no PIB do país –, com crescimentos associados tanto a uma maior frequência de compra, como a uma maior intensidade de compra por parte dos consumidores. Inseridas nesse contexto, as bolachas, que são alvo de procura e consumidas por todas as faixas etárias e classes económicas a nível global, conseguem também crescer em faturação nessa tendência.

Em geral, a disponibilidade associada a este tipo de produto torna-o numa das escolhas favoritas dos consumidores, uma vez que se adapta a variadas ocasiões ao longo do dia, podendo ser consumida em qualquer momento e lugar.

Mas o facto de estar tão presente no cesto dos shoppers não significa que a categoria permaneça imutável e não sofra os efeitos da procura pela originalidade. De facto, o pilar da inovação surge com um peso relevante na categoria, embora este se altere perante segmentos específicos – é nas bolachas “especiais”, associadas a certos períodos durante o ano, que o peso da inovação e do lançamento de novos produtos surge com maior preponderância.

Ao mesmo tempo, fabricantes e retalhistas tentam responder ao anseio dos consumidores pelo melhor preço possível. O panorama no mercado nacional revela a importância central do fenómeno promocional, que se torna notório quando comparamos a realidade portuguesa com a europeia: Portugal é o 4º país europeu em que a promoção adquire maior peso e cerca de metade das vendas no mercado nacional são realizadas em promoção. No caso das bolachas, a promoção surge como driver de vendas com uma importância transversal aos vários segmentos, correspondendo a mais de 30% do total de vendas.

Duas tendências de consumo

Num estudo aplicado globalmente com o objetivo de perceber as principais preocupações dos consumidores por país de origem, observou-se que, para o caso de Portugal, as duas maiores preocupações mencionadas são a saúde e o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Essa realidade transposta para o mercado de bens de consumo, aponta para produtos mais saudáveis, e, ao mesmo tempo, para estratégias de conveniência e prazer.

As vendas de categorias saudáveis e indulgentes têm vindo a crescer a nível global, apesar de o maior incremento se centrar nas categorias saudáveis, nas quais se incluem produtos como os batidos à base de leite, frutas, bebidas desportivas, chá, legumes, água e iogurte. À semelhança do que tem vindo a acontecer na realidade mais abrangente dos bens de grande consumo, a categoria de bolachas está a experienciar duas realidades distintas em simultâneo: se por um lado existem cada vez mais clientes a procurar opções ligadas a um estilo de vida mais saudável, por outro lado existem também mais clientes a procurar indulgência, guiados pela perceção de prazer.

Com a crescente consciência acerca da importância de uma nutrição equilibrada, a procura por uma dieta saudável desempenha um papel crucial nos estilos de vida atuais, um impulso que se encontra a diversificar o mercado de bolachas. Os consumidores globais exigem bolachas que sejam convenientes e os ajudem a quantificar a ingestão de nutrientes.

Analisando em detalhe as duas tendências em ação nesta categoria podemos verificar que, entre a oferta de bolachas saudáveis no mercado, assistimos a um crescimento das bolachas salgadas, que crescem a taxas mais de duas vezes superiores à média da categoria, impulsionadas por uma dinâmica de vendas promocionadas. Em paralelo, as bolachas doces, entre as quais se contam as de aveia, digestivas ou de fibra, perdem volume de vendas e ainda não conseguem aproveitar essa tendência do consumidor por produtos mais saudáveis.

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Tecnoalimentar 23.

Solicite a nossa edição impressa

Contacte-nos a seguir dos seguintes endereços:

Telefone: 220 962 844

E-mail: info@booki.pt