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Revista TecnoAlimentar

Preço da manteiga sobe 92% em França

manteiga

Para fazer um bom croissant ao estilo francês é preciso manteiga. Muita manteiga. E nas pastelarias de Paris a preocupação é grande. Há quem tema que os croissants possam desaparecer.

O custo da manteiga subiu para quase o dobro. Está 92% mais cara do que no ano passado e há mesmo quem diga que corre o sério risco de "esgotar".

Em França o croissant quer-se folhado, em forma de lua em quarto crescente. Uma iguaria que terá sido importada das padarias de Viena, para as boulangeries e patisseries francesas. Um prazer que rapidamente se espalhou pelas bocas de Paris e que ainda agora é um terror para as cinturinhas de Saint-Tropez.

Não é, no entanto, apenas o croissant que corre perigo de extinção. Matthieu Labbé, dirigente de uma associação da indústria panificadora lembra que também os pães com chocolate e a massa brioche não podem ser produzidos sem manteiga.

E depois avança com números. «Em abril do ano passado a manteiga custava dois mil e quinhentos euros por tonelada. Agora custa quatro mil e quinhentos».

Matthieu Labbé diz que «na melhor das hipóteses, os clientes terão pagar mais. O pior cenário é que as padarias e pastelarias deixem de poder comprar manteiga».

Na origem deste problema está a falta de leite em França. Uma escassez que vem já de 2016. Depois de um período de sobreprodução, conta o Liberátion, o setor do leite sofre agora de uma escalada na procura vinda da Ásia, principalmente da China.

Resultado, diz uma associação de produtores de leite local ouvida pelo jornal francês: "o preço baixa em toda a Europa, menos em França".

Matthieu Labbé, dirigente da associação da indústria panificadora lamenta o cenário e sublinha que em França, «o leite é usado de forma prioritária para fazer queijo e nata, só depois vem a manteiga».

Há ainda outras vozes que admitem que os pastéis franceses podem começar a ser um produto escasso nas lojas. Fabien Castanier, da Federação Francesa de criadores de biscoitos e bolos garante que «a indústria está sob uma pressão insustentável» e afirma que «as coisas só vão piorar. Há um risco real», diz, «que a manteiga acabe».

Em França, os jornais de hoje estão cheios de títulos que dão conta da preocupação dos franceses com a manteiga e com os croissants.

A entrada destes pastéis no quotidiano francês é ainda, e nos dias de hoje, um ponto no qual os historiadores não se entendem.

Há quem diga que foram criados por um pasteleiro austríaco para comemorar a vitória sobre os Otomanos no cerco que estes montaram a Vienna e que os bolos chegaram a Paris por essa via, outros dizem que foi Marie Antoinette que os trouxe da sua Áustria natal.

De resto, as únicas certezas que há são relativas à forma como o croissant se tornou um sucesso. August Zang, um pasteleiro na rua Richelieu - no centro de Paris -, decidiu usar massa folhada para os fazer. A fama foi quase imediata.

Uma história de sucesso que, se tudo correr mal, pode agora travar a fundo. A manteiga representa cerca de 25% dos ingredientes de um croissant e os pasteleiros dizem que não podem manter os preços durante muito mais tempo.

Fonte: TSF