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Revista TecnoAlimentar

O futuro da produção agrícola tem selo com folha verde

A AGROBIO (Associação Portuguesa de Agricultura Biológica) e a ECOVALIA (Associação profissional espanhola de produção biológica), têm atualmente a decorrer um projeto internacional denominado “Organic Food 4 Future”, onde se integra a campanha “O futuro está na sua mesa com a folha verde”. Este projeto decorre em 2023 e 2024 e é financiado por fundos europeus.


O objetivo desta iniciativa é promover o consumo de alimentos biológicos europeus, em Espanha e Portugal, e aumentar o reconhecimento do selo europeu de certificação biológica.

O selo de certificação europeu (EuroFolha) garante que os produtos colocados no mercado, com este rótulo, cumprem todos os requisitos estabelecidos pela regulamentação deste sistema de produção, que é comum a todos os Estados-Membros da União Europeia.

Durantes este dois anos, a campanha inclui um extenso programa de atividades destinadas a consumidores, profissionais, crianças em idade escolar e líderes de opinião.

Agrotec viajou até Idanha-a-Nova, ecorregião portuguesa com a maior área de agricultura biológica e distinguida com o Prémio Europeu de Produção Biológica, para conhecer, e dar a conhecer, vários produtores.

A primeira paragem foi na Agro-Pecuária Real Idanha, Lda – Produção Biológica, que produz entre três a cinco mil litros de azeite por ano, mas o seu negócio vai muito além desse número.

Desde 2007 que são certificados em Agricultura Biológica, inicialmente numa quinta mais pequena, com 15 hectares. Atualmente, encontram-se numa quinta com 180 hectares, onde colocam em prática, em larga escala, a simbiose entre os ovinos e olival. «Aqui a agricultura biológica tem uma função muito importante. Primeiro, os apoios à agricultura e à produção biológica são formas de compensar o regime de menor produtividade neste tipo de olivais. Através dos apoios financeiros permitem-nos manter e estruturar estes olivais de forma inteligente. A agricultura biológica dá-nos uma base de refletir sobre como podemos trabalhar com o espaço. Podemos procurar meramente uma certificação, porque temos cá os apoios ou podemos agarrar e usar isto como base de trabalho.» Por forma a manter os olivais funcionais foi necessário reduzir a mão-de-obra, porque ela não existe; reduzir custos de produção; e criar um produto de valor acrescido, por forma a valorizar a pouca produção. Para isso, introduziram o pastoreio de ovinos dentro do olival e, desta forma, reduziram drasticamente o custo de mão-de-obra, porque estes animais vão controlando o aparecimento de todas as plantas que vêm competir com a oliveira e transformando estrume assimilável no solo. Além disso, os ovinos vão criando uma segunda fonte de receita dentro do próprio olival.

Se antes 70% do seu azeite era exportado, hoje, essa mesma quantidade fica em Portugal, sendo a restante exportada.

«Encontrámos a diferenciação do biológico no mercado premium», explicam. O facto de criarem um produto premium e diferenciador, deu-lhes oportunidade de, hoje, estarem em dois restaurantes com estrela Michelin, e em muitos outros.

Desde há dois anos, com a grande seca que se sentiu por todo o território, os proprietários da Agro-Pecuária Real Idanha, denotaram que as suas, mais de 200, ovelhas estariam muito bem nutridas, em comparação com as da vizinhança. O que se concluiu, uma vez mais, foi que a biodiversidade da sua quinta foi um fator-chave. As podas – que anteriormente eram um custo – atualmente são asseguradas pelas ovelhas, que adoram comer a sua folha.

Neste momento, os proprietários estão a fazer as primeiras experiências com a alfarrobeira e o medronho. A alfarrobeira produz o fruto entre junho e setembro, exatamente o tempo onde há maior carência alimentar.

Seguiu-se a visita ao projeto Monte da Silveira Bio, localizado no conselho de Castelo Branco, em Malpica do Tejo, onde são geridos cerca de 1.000 hectares (desde floresta, cereais para semente e consumo humano, leguminosas para semente e consumo humano e criação animal). A empresa familiar é, desde 1999, uma exploração em modo de produção biológica. Há cinco anos, após uma viagem à Austrália e Nova Zelândia, João Valente, teve conhecimento de práticas de utilização dos animais como ferramenta de pastoreio linkadas à agricultura regenerativa. Rapidamente percebeu que, se introduzisse essas práticas, conseguia exponenciar o trabalho que estava a ser feito. No entanto, era necessária muito mais informação validada, do ponto de vista científico. Foi nessa altura que Diogo, doutorado em biotecnologia, foi convidado a trabalhar na quinta. «Neste momento estamos com nove projetos de investigação, sendo a maioria deles focados no solo (estrutura, saúde, fertilidade, infiltração de água, retenção de água, etc), que é valor do projeto. Há um grande investimento no sentido de ir buscar projetos nacionais e financiados pela Comissão Europeia, focados em solo e na biodiversidade, não só no sistema agrícola, mas também nos serviços eco sistémicos que o montado fornece. Todos os anos, há um levantamento específico no solo para ir avaliando o progresso que estas práticas regenerativas têm.»

Esta preocupação com o solo tem dado resultados extremante positivos. Por exemplo, quando chove, estes "solos saudáveis" garantem uma maior absorção da água nos aquíferos.

core máximo que o projeto pretende deixar para futuras gerações é a informação para outros agricultores e empresas agrícolas, mostrando sempre que é possível produzir sem prejudicar o solo e o planeta.

Na Queijaria Fonte Insonsa é produzido queijo de cabra amanteigado biológico e familiar e carne de porco bísaro. Armindo Jacinto, presidente da Câmara Municipal de Idanha-a-Nova e a sua esposa, Maria João Moreira, estão à frente deste projeto. O leite é fornecido por dois produtores nacionais, onde as suas explorações agrícolas permitem às suas cabras andarem em pastagens livres, rodeadas por área de floresta e montado de sobreiros e azinheiras. Na produção do queijo, não é acrescentado qualquer produto, à exceção do sal «a ideia também foi introduzir esta inovação e trabalhar sem qualquer produto, o que implica desafios grandes e saber lidar com a microbiologia», afirma Armindo. Sobre a carne de porco bísaro, a sua produção surgiu da resolução de um “problema”. «Fomos ver várias soluções, a solução encontrada foi fazer o que se fazia antes – e que França faz bem – alimentar os suínos com o soro. Tornámo-nos produtores de suínos para pudermos fazer a economia circular.»

 

GeoCakes surge em 2012, pelas mãos de um casal do distrito de Lisboa, apaixonado da pela qualidade dos produtos endógenos da região de Idanha-a-Nova, de modo a satisfazer as necessidades do mercado. Sete anos depois foi inaugurado o Atelier GeoCakes, onde para além de venderem os seus produtos fazer workshopsteam building, ativação de marca, desenvolvimento de novos produtos, entre outros. Trabalham com produtos maioritariamente da região - que produzem ou compram localmente.

Menu Bio da GeoCakes apresentado (feito com alimentos biológicos regionais):

Sopa: Creme Leve de Grão com Queijo de Cabra (OVL)

Entradas: Tortilha de Claras e Rebentos (OVL), Quase Salada Caesar (OVL), Seleção de Queijos Regionais (OVL), Seleção de Enchidos Regionais, Seleção de Charcutarias, Bica de Azeite e Compota de Tomate, Bôla Enrolada de Charcutaria, Croquetes de Quinoa (V), Tofu Fumado de Escabeche (v), Almondegas de Beterraba (V), Seleção de Padaria (V)

Prato Principal: Arrozada de Cogumelos Silvestres (OVL)

Bebidas: Água local, Cocktail de Frutos frescos, Vinho Regional Tº Herdade do Escrivão, Café́ BIO feito ao momento, Tisanas

Sobremesas e Petit Fours: Seleção de Biscoitos Geocakes (OVL), Tartita de Travia e Canela (OVL), Tartinhas de Leite Creme (OVL), Queijadinhas de Leite (OVL), Bolo de Mirtilo e Azeite

 

A AGROBIO, associação pioneira desde 1985 na promoção e divulgação da agricultura biológica em Portugal, pretende com esta iniciativa dar a conhecer o logótipo europeu dos produtos biológicos, como garantia para os consumidores do mais alto nível de qualidade.

Este projeto abrange várias ações promocionais e de comunicação, entre as quais: feiras internacionais de Agricultura Biológica; ações de promoção com a imprensa; ações de promoção e divulgação, formação e concursos em Escolas de Hotelaria, criação de novos mercados de agricultura biológica, formações online gratuitas. 

Saiba mais e acompanhe tudo em https://agrobio.pt/