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Revista TecnoAlimentar

FoodTech: o futuro da indústria alimentar passa pela tecnologia

Num estudo orientado pela Bynd Venture Capital, sociedade gestora de capital de risco, e desenvolvido pelo Venture Capital Club da Universidade Católica Portuguesa, estima-se que o sector das soluções tecnológicas aplicadas à indústria agro-alimentar – FoodTech – cresça de forma significativa durante os próximos cinco anos.

A mudança dos hábitos alimentares para regimes mais sustentáveis, a introdução de tecnologia na confecção e uma cadeia de abastecimento cada vez mais local são algumas das tendências traçadas para a indústria da FoodTech no âmbito desta análise, publicada no último mês.

O relatório destaca, ainda, a sustentabilidade e a dificuldade em beneficiar da inovação tecnológica como alguns dos principais desafios desta indústria. No entanto é neste sentido que surge uma oportunidade para a FoodTech, cujo crescimento pode alcançar os 250 mil milhões de dólares (cerca de 219 mil milhões de euros) já em 2022 e os 340 mil milhões de dólares (cerca de 298 mil milhões de euros) até 2027.

«A indústria alimentar atravessou uma crise desafiante que obrigou ao encerramento dos negócios durante meses a fio. Agora que a indústria da restauração está finalmente a começar a erguer-se das cinzas, as soluções tecnológicas, desde a exploração agrícola até à mesa, estão a moldar o sector. Ser capaz de aprofundar o conhecimento de uma indústria que está actualmente a experimentar uma transformação tão significativa foi uma grande e perspicaz experiência para a nossa equipa de projecto», salienta, em comunicado, Markus Duczek, do Venture Capital Club da Universidade Católica.

Algumas das tendências que vão marcar os próximos anos podem ser agrupadas em cinco áreas:

Produção e distribuição – o principal objectivo desta indústria será tornar a produção de larga escala neutra em carbono, recorrendo a soluções como a agricultura vertical, que reduz em 98% a área de solo necessário à produção e, consequentemente, as emissões de carbono e a produção de resíduos.

Alimentação do futuro – as empresas do sector alimentar devem alavancar tecnologias como a automação e a robótica para melhor compreender os ingredientes procurados nos novos regimes alimentares e o seu impacto na saúde humana. Do lado da procura, estima-se que o mercado das alternativas de proteína vegetal cresça 28% anualmente, ultrapassando os 70 mil milhões de euros em 2030, e que se registe uma maior procura por algas marinhas, microalgas, cogumelos e bebidas alternativas pela proliferação da ideologia “alimentos como medicamentos”.

Utilização de tecnologia de confecção – novos equipamentos de cozinha inteligentes e dispositivos que ajudam os restaurantes a gerir melhor os seus negócios estão continuamente a emergir. Assistentes de voz, chefs robô e sistemas de encomendas automáticas são alguns dos exemplos mais relevantes. Adicionalmente, aplicações e serviços que ajudam os restaurantes a reduzir o seu impacto climático e a comunicá-lo podem aumentar a percepção de transparência no sector, especialmente se essa informação estiver disponível nos rótulos dos alimentos.

Uma cadeia de abastecimento cada vez mais curta – a cadeia de abastecimento tem, também, sofrido alterações conforme se vão alterando as necessidades do consumidor. A crescente procura pela entrega de refeições prontas, muito impulsionada pela falta de tempo para cozinhar no ritmo da sociedade de hoje, tem potenciado a criação de startups que oferecem uma solução completa, da preparação à entrega, directamente aos seus clientes. Por outro lado, apesar do decréscimo no financiamento, espera-se que o take-away continue a marcar a indústria da restauração e que a entrega de artigos de mercearia a pedido continue a captar as atenções daqueles que procuram mais conveniência.

Segurança alimentar – espera-se que, além da segurança alimentar e dos métodos de produção, seja cada vez mais necessária a disponibilização de informação clara e transparente sobre a qualidade dos alimentos, incluindo aroma, sabor e benefícios nutricionais. No futuro, as exigências ditarão o cumprimento de regulamentos mais rigorosos no que diz respeito ao bem-estar animal, à sustentabilidade ou ao contributo para a saúde.

FONTE: Marketeer