FODMAPs - Rotulagem nutricional em laticínios
Texto por: Bruna Faria¹ Diana Vieira¹ Léa da Cruz¹ Ana Lúcia Baltazar²
¹ Licenciatura em Dietética e Nutrição, Escola Superior de Tecnologia da Saúde Instituto Politécnico de Coimbra
² Departamento de Dietética e Nutrição, Escola Superior de Tecnologia da Saúde Instituto Politécnico de Coimbra
RESUMO
FODMAP é o acrónimo inglês de “Fermentable Oligo-, Di-, Monosaccharides And Polyols”, ou seja, oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis que representam um conjunto de hidratos de carbono de cadeia curta e álcoois de açúcares, lentamente absorvidos ou completamente indigeridos ao nível do intestino delgado que causam alguns sintomas, tais como dor e/ou distensão abdominal, flatulência excessiva, obstipação e/ou diarreia.
O objetivo deste trabalho é realizar alterações nas tabelas dos rótulos nutricionais de alguns alimentos do grupo dos lacticínios, colocando a informação relativa ao conteúdo de FODMAPs, neste caso a lactose. Deste modo, adicionou-se uma linha correspondente ao teor de lactose no grupo relativo aos hidratos de carbono e utilizou-se um sistema de cores para auxiliar melhor o consumidor. Com este sistema acredita- -se que os consumidores podem verificar se o valor descriminado na tabela nutricional está ou não inserido no grupo de produtos que devem consumir.
INTRODUÇÃO
Entender qual o papel da alimentação no desenvolvimento de sintomas de desconforto intestinal, tem sido cada vez mais abordado em estudos científicos, na tentativa de encontrar um método terapêutico completo que ajude na melhoria da qualidade de vida dos indivíduos com mais suscetibilidade ao desenvolvimento dos mesmos (Gravina et al., 2020; Filipa & Bastos, 2015). Dor e/ou distensão abdominal, flatulência excessiva, obstipação e/ou diarreia, entre outros, são os sintomas observados mais frequentemente (Chumpitazi et al., 2018).
A má absorção de alguns hidratos de carbono ao nível intestinal é umas das causas responsáveis pelo desenvolvimento de vários sintomas de desconforto e dor intestinal, fazendo com que a ingestão de certos alimentos seja pouco tolerada, piorando estes mesmos sintomas nos pacientes com sensibilidade acrescida do trato gastrointestinal (Nyyssölä et al., 2020; Tuck et al., 2019; Hsieh et al., 2019). FODMAP é o acrónimo inglês de “Fermentable Oligo-, Di-, Mono-saccharides And Polyols”, ou seja, oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis que representam um conjunto de hidratos de carbono de cadeia curta e álcoois de açúcares, lentamente absorvidos ou indigeridos ao nível do intestino delgado (Marsh et al., 2016; Laskaratos et al., 2015; Rej et al., 2019).
Quando ingeridos, têm a capacidade de aumentar o teor de água dentro do intestino delgado através do seu efeito osmótico (Eswaran et al., 2017), distendendo-o, causando assim sintomas de desconforto intestinal (Pérez y López et al., 2015). Este macronutriente não sendo absorvido no intestino delgado, quando atinge o cólon é fermentado pelas bactérias intestinais, podendo provocar sintomas como inchaço e flatulência (Gibson & Halmos, 2020; Cox et al., 2020). A sintomatologia também podem derivar de alterações na flora microbiota intestinal, nas células endócrinas, na função imunológica e na barreira intestinal (Pensabene et al., 2019). No caso de inadequada má absorção de FODMAPs a nível intestinal, a adaptação dietética individual torna-se vital para diminuir os sintomas e promover o bem-estar (Barrett & Gibson, 2012; Bellini et al., 2020).
Continue a ler este artigo na Revista Tecnoalimentar nr. 32.