FacebookLinkedin

Revista TecnoAlimentar

Estratégias de Internacionalização para a Indústria Agroalimentar

  • 20 fevereiro 2015, sexta-feira
  • mercados

Ship contentores (3)

Como exportar? Que mercados oferecem melhores oportunidades? Como obter informação vital para o negócio? A que mecanismos e apoios recorrer? A qualidade da informação faz a diferença: é a rede que as empresas precisam para apostar em novos mercados.

Portugal exportou, em 2013, 67 mil milhões de euros em bens e serviços, mais 5,5% do que no ano anterior. O peso das exportações no Produto Interno Bruto aumentou para 40,8%. Não é o mesmo do que o Luxemburgo, onde as exportações valem 180% do PIB, mas é melhor do que a Espanha, a Finlândia e a Itália. A indústria agroalimentar participou de forma importante neste resultado, porém, a continuidade do rumo coloca-se no plano das estratégias para fazer melhor, num quadro de aumento da exposição externa da economia.

O documento “Portugal Excecional”, elaborado pela Portugal Foods – Pólo de Competitividade e Tecnologia Agroalimentar 2012-2017, traça estratégias para o setor. “Portugal Excecional” estabelece objetivos setoriais a atingir num universo temporal de 5 anos, por produto, identificando os eixos estratégicos de desenvolvimento a implementar, as respetivas dimensões de atuação e as previsões de taxa de crescimento anual para o mesmo período.

Os mercados prioritários identificados são o Japão, Hong Kong e China na Ásia; Arábia Saudita e Emirados Árabes no Médio Oriente e Rússia, México e Venezuela. O documento identifica ainda mercados a apostar seletivamente, casos da Indonésia e Coreia do Sul, Irão, Kuwait e Síria (a referência à Síria compreende-se, pois a guerra civil é posterior à elaboração do documento), EUA, Canadá e Austrália.

Ship contentores (1)

“É de salientar a importância para Portugal sustentar posições que detém em mercados consolidados, em especial países da CPLP e europeus, com particular destaque para França, Alemanha e Reino Unido, identificando categorias bem-sucedidas no sentido de replicar o modelo de sucesso às restantes categorias do agroalimentar”, refere o mesmo documento.

A estratégia desenhada tem por objetivo que, até 2017, o setor agroalimentar cresça 555 milhões de euros face às exportações de 2011, representando um aumento médio acumulado de cerca de 20%.

estrategia-agroalimentar2

Investir em marcas

A Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) também tem estratégias de internacionalização em mente. A FIPA fala em “mudança de paradigma” em termos de estratégia para vender mais no exterior. A começar por canalizar os apoios para as empresas, em particular as que exportam, as que aumentam exportações e as que investem nas suas marcas. Aqui, a federação industrial afasta-se da orientação de políticas públicas e apoios que privilegiam as PME – “microempresas à escala global” – defendendo que as empresas alimentares portuguesas de maior dimensão, que em muitos casos também são PME à escala global, sofrem dificuldades e necessitam de incentivos à exportação.

estrategia-agroalimentarPedro Queiroz, diretor-geral da FIPA, afasta-se igualmente das marcas de bandeira: “Em termos internacionais, Portugal não é percecionado como um produtor alimentar, embora produza com qualidade. Isto é claramente fruto de estratégias muito erradas no que diz respeito à promoção de Portugal no exterior. Nos últimos anos andou-se a inventar marcas diferentes e Portugal não consegue ter uma estabilidade de imagem. É imperativo conseguir que as marcas portuguesas estejam bem posicionadas e com visibilidade no estrangeiro. Isso é mais urgente e mais importante do que investir dinheiro, mais uma vez, na marca ‘Portugal’. A perceção sobre Portugal tem que melhorar lá fora em termos de produtos transformados. Isso é um investimento para ser feito durante muitos anos. A Itália, por exemplo, hoje não precisará de se promover em nenhum mercado porque o próprio nome Itália vende. A marca ‘Portugal’ vende em poucos setores”.

“O país devia apresentar-se de forma coordenada, valorizando as suas marcas e as suas empresas porque, no limite, uma empresa precisa é de vender os seus produtos lá fora. Se isso ajudar a valorizar o país, muito melhor. Primeiro as empresas e as marcas e, a partir do momento que os consumidores começarem a gostar e associem isso a Portugal, o país estará a ser valorizado. Se queremos ir a correr valorizar Portugal achando que isso é que vai depois ajudar as empresas a vender, é uma estratégia errada”, considera o mesmo responsável.

 

 

Ship contentores (2)A FIPA sugeriu, em 2012, a centralização das verbas públicas destinadas aapoiar a internacionalização do setor alimentar, criando ao mesmo tempo um consórcio que reunisse as entidades mais representativas do setor e das empresas. A ideia ainda está por concretizar. “A FIPA nunca quis gerir fundos mas, em nome das empresas, pretende ajudar a coordenar atividades, sempre em parceria com as atividades públicas. A ideia foi apresentada ao governo, existe já um documento estratégico que, não sendo tão objetivo quanto gostaríamos, não afasta esse modelo. A verdade é que, na prática, ainda não se concretizou. Também é verdade que estamos numa fase de alguma indecisão da comissão europeia no que diz respeito aos novos regulamentos de apoio à presença no exterior, nomeadamente um fator que nós sempre criticámos, que foi o facto de não haver apoio direto à presença de marcas no exterior, mas sempre de empresas ou de setores. Ora, o que vende é o BI das empresas e a sua marca”, concretiza o Diretor-geral da FIPA.

 Por: Carlos Alberto Costa, in TecnoAlimentar 1.