FacebookLinkedin

Revista TecnoAlimentar

Efeito da região de origem na composição físico-química de azeites da cv. ‘Galega Vulgar’

Em Portugal, a oliveira encontra-se distribuída um pouco por todo o país sobretudo em regiões do interior onde as condições edafoclimáticas são mais favoráveis para o seu desenvolvimento. A 'Galega Vulgar' é uma das cultivares mais difundidas no nosso país, integrando diferentes Denominações de Origem Protegida (DOP). Este trabalho teve por objetivo estudar a composição e qualidade de azeites da cv. 'Galega Vulgar' extraídos de azeitonas produzidas em sete regiões distintas.

 Nuno Rodrigues¹ Fátima Peres²,³ Conceição Vitorino² António Manuel Peres¹ Rebeca Cruz⁴ Susana Casal⁴ José Alberto Pereira¹

¹ Centro de Investigação de Montanha (CIMO), ESA, Instituto Politécnico de Bragança, Campus de Santa Apolónia-
² Escola Superior Agrária de Castelo Branco
³ LEAF – Linking Landscape, Environment, Agriculture and Food-Research Center, Instituto Superior de Agronomia
⁴ LAQV/REQUIMTE, Laboratório de Bromatologia e Hidrologia, Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto

INTRODUÇÃO

A oliveira (Olea europaea L.) é uma das principais espécies cultivadas na bacia do Mediterrâneo, onde sucessivas civilizações domesticaram e difundiram a espécie.O azeite e a azeitona de mesa têm um papel importante na alimentação das populações da região mediterrânica. Estes produtos têm uma elevada relevância económica, social e cultural (Ramos-Román et al., 2019). Além disso, a olivicultura tem ainda uma forte componente ambiental e paisagística e contribui para a manutenção das populações em meio rural. A oliveira encontra-se em todo o território nacional, com uma principal dominância no Alentejo, principal região produtora, seguido de Trás-os-Montes e da Região Centro (INE, 2019). Apesar da grande diversidade de cultivares existentes no nosso país, a maioria da produção assenta num conjunto reduzido de cultivares que se distribuem praticamente de norte a sul e dominam as plantações mais recentes. Em geral, não existe uma diferenciação dos azeites por cultivares, sendo que apenas uma pequena quantidade de azeites são comercializados como monovarietais. A cultivar 'Galega Vulgar' é uma oliveira genuinamente portuguesa, que tradicionalmente apresentava uma distribuição pela generalidade do território nacional, fazendo parte de cinco das seis Denominações de Origem Protegida (DOP) para azeite. Neste sentido, considera-se que a cultivar 'Galega Vulgar' (Figura 1) representa ainda uma boa parte do património olivícola português. Do ponto de vista agronómico, é considerada resistente à seca, sensível ao frio, à salinidade e ao calcário. Tem uma entrada em produção precoce e a sua produtividade é elevada e alternada (Cordeiro et al., 2008,). Relativamente à maturação dos frutos é uma cultivar considerada temporã e destina-se fundamentalmente à obtenção de azeite, sendo também muito apreciada como azeitona de mesa (Peres et al., 2010). Os seus azeites são caracterizados por serem suaves, doces, pouco amargos e pouco picantes com notas de verde folha de oliveira e notas de maçã ou amêndoa, dependendo do estado de maturação dos frutos (Peres et al., 2016). No que respeita à composição lipídica, os azeites desta cultivar são considerados muito equilibrados na composição em ácidos gordos monoinsaturados, saturados e polinsaturados, o que o torna particularmente indicado na dieta alimentar. O teor relativamente baixo de compostos fenólicos, em maturação tardia, é compensado pela presença de tocoferóis, tornando os seus azeites com considerável resistência à oxidação (Peres et al., 2016). Contudo, a composição do azeite pode variar de acordo com diferentes fatores como sejam os agronómicos, ambientais e localização geográfica (Kalogeropoulos & Tsimidou, 2017). Assim, o presente trabalho tem como objetivo de estudo, avaliar o efeito da região de origem na composição físico-química de azeites da cv. 'Galega Vulgar' provenientes de sete locais distribuídos por diferentes regiões nacionais.

MATERIAL E MÉTODOS

Para a execução deste trabalho, foram selecionados sete olivais da cv. 'Galega Vulgar', em diferentes regiões nomeadamente Mirandela, Alijó, Covilhã, Penamacor, Castelo Branco, Vila Velha de Rodão e Elvas. Na colheita de 2019, em cada olival foram selecionadas cinco árvores onde foram colhidos manualmente cerca de três quilos de frutos com um índice de maturação (IM) entre 3,5 e 4,0. Os frutos foram processados nas primeiras 24 horas após a colheita, numa linha de extração Abencor (Comercial Abengoa SA, Sevilha, Espanha). Os azeites obtidos foram colocados em garrafas escuras de 125 mL e armazenados no escuro à temperatura ambiente onde, após preparação conveniente da amostra foram determinados: os parâmetros de qualidade (acidez, índice de peróxidos, coeficientes de extinção específicos 232 nm e 268 nm) e a avaliação sensorial para determinação da categoria comercial e a composição em ácidos gordos foram avaliados de acordo com as metodologias descritas pelos todos definidos pelo Regulamento da Comunidade Europeia CEE/2568/91 de 11 de julho e posteriores alterações. A estabilidade oxidativa foi avaliada em equipamento Rancimat (Metrohm CH, Suíça), à temperatura de 120 ± 1,6 °C e fluxo de ar de 20 L/h. O teor de tocoferóis (α, β e γ), foi determinado de acordo com a ISO 9936 (2006). Os fenóis totais foram feitos de acordo com Capannesi et al., 2000.

Nota de Redação

Artigo publicado na edição n.º 28 da Revista TecnoAlimentar.

Para aceder à versão integral, solicite a nossa edição impressa.

Em alternativa, contacte-nos através dos seguintes contactos:

Telefone 910 641 718

E-mail: redacao@agropress.pt