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Revista TecnoAlimentar

Como as alterações climáticas estão a impactar a segurança alimentar

Os cientistas para o clima da ONU apresentaram, no passado dia 4 de dezembro, mais evidências sobre a forma como as alterações climáticas estão a afetar a produção de alimentos e os oceanos.

Dois estudos do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) clarificaram a ligação entre as alterações climáticas e a agricultura, assim como o impacto que estas mudanças têm sobre os oceanos e as calotas polares. Os documentos foram apresentados aos eurodeputados das comissões de Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar e de Pescas.

Produção alimentar e alterações climáticas: uma via de dois sentidos

O professor Jim Skea afirmou que as alterações climáticas estão a exacerbar a degradação do ambiente, como por exemplo a erosão dos solos ou a acidificação dos oceanos, o que, por sua vez, afeta as infraestruturas e tem um impacto na vida dos cidadãos. O melhor aproveitamento dos solos pode ajudar a combater as alterações climáticas, mas tem de ser complementado com outras ações.

Já o professor Jean-François Soussana sublinhou que o sistema de produção alimentar é responsável por entre um quinto a um terço de todas as emissões dos gases com efeito de estufa. Simultaneamente, as alterações climáticas afetam a segurança alimentar, provocando a escassez de colheitas de produtos como o trigo ou o milho. Alertou ainda que, no futuro, a estabilidade das nossas fontes de comida vai diminuir, ao mesmo tempo que a magnitude e a frequência dos eventos meteorológicos extremos vão aumentar.

21-37% do total das emissões de gases com efeito de estufa provocadas pelo Homem provêm da produção de alimentos, dos transportes, do processamento e da distribuição destes produtos.

Degelo e subida do nível do mar

De acordo com a comunidade científica, a subida o nível do mar está a acelerar, principalmente devido ao rápido degelo das calotas polares da Gronelândia e da Antártida.

O professor Hans-Otto Pörtner avisou ainda que, num cenário em que nada se modifica, o mar deve subir cerca de 5 metros até 2300. Para além disto, com o aquecimento dos oceanos, a vida marinha terá menos acesso ao oxigénio e aos nutrientes de que precisa, colocando em risco a segurança alimentar das comunidades especialmente dependentes da pesca.