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Revista TecnoAlimentar

As mais valias das compras a granel

Num universo em que os portugueses produzem 5 milhões de toneladas de resíduo urbano por ano, é importante considerar hábitos mais amigos do ambiente.

granel

A Deco realizou um teste e apurou que na compra de 19 produtos embalados foram recolhidos mais de 300 gramas de plástico desnecessários. Saiba como adotar estas medidas.

Os portugueses produziram 5 milhões de toneladas de resíduos urbanos 2017, ou seja 487 quilogramas (kg) por pessoa. Um valor em linha com a média da União Europeia, segundo os dados divulgados pelo Eurostat.

Segundo a Deco Proteste, grande parte dos resíduos produzidos em excesso são devido à embalagens de plástico em alimentos, que muitas vezes são dispensáveis.

A associação de defensa ao consumidor realizou um teste e apurou que na compra de 19 produtos embalados – desde cenouras, couves, pimentos, alhos, bananas e maçãs, entre outras frutas e legumes, todos pré-embalados e pesados – foram recolhidos mais de 300 gramas de plástico desnecessários.

«A fruta e os legumes surgem muitas vezes em cuvete de plástico, a que se junta uma película envolvente. Um quilo e meio de maçãs embaladas assim representa 50 gramas de plástico”» explica o estudo.

Muitos podem argumentar a utilização destas embalagens como uma medida de segurança alimentar, ou até mesmo por ser mais fácil no meio da ”pressa” das compras.

No entanto, muitos desses alimentos não precisam necessariamente dessa envolvência.

«As cenouras, por exemplo, apesar de serem legumes frescos, não requerem um acondicionamento especial, desde que inteiras e com casca, podem perfeitamente ser vendidas a granel», explica a Deco. «Aliás, constatámos que os 19 produtos do nosso cabaz viveriam todos bem se fossem postos à venda a granel», esclareceu.

Podem também argumentar que é «mais barato». Mas também não é o caso. Para conferir qual das duas alternativas é a mais barata, a Deco procurou ver o preço do produto idêntico comercializado sob a forma embalada e a granel, no mesmo estabelecimento. E o granel vence.

«Esta forma de venda revelou-se, salvo raras exceções, mais barata 25% do que a versão embalada», relata o estudo. Contudo, em alguns casos, não foi de todo possível encontrar, no mesmo estabelecimento, o produto comercializado em avulso.

Reciclagem

Se usa como desculpa o fator da ”reciclagem” quando compra estes produtos, tenha atenção.

Naturalmente, se estas embalagens são de plástico o consumidor irá deposita-las no ecoponto amarelo. No entanto, não é bem assim. Muitos produtos – a maior parte – têm uma folha de papel colada no plástico a fazer as vezes de rótulo.

A informação sobre a denominação e a origem do produto, o peso e o preço são cruciais. Mas a maneira como estão colocados na embalagem impede que a reciclemos.

A cola e o papel impedem que siga para o ecoponto. As cuvetes podem ser depositadas no contentor amarelo, e as embalagens com rótulo de plástico também.

A Deco procurou descobrir que medidas já estariam em curso, junto dos fornecedores, para a redução de plástico no embalamento dos seus produtos e artigos de marca própria que comercializem. A maioria dos distribuidores está atento e reconhece a importância do seu papel no combate ao excesso de plástico.

E nós, o que podemos fazer?

* Na hora de comprar, dê preferência aos produtos a granel, em vez dos embalados, se tiver essa alternativa.

* Compare o preço por quilo e a integridade do produto, e opte, evidentemente, pela solução mais barata. A maioria das vezes, o embalado sai mais caro.

* Foque-se no desperdício. Se não vai dar outra utilidade àquela embalagem, para quê comprá-la? Se, pela regra básica da economia, a oferta dos produtos se ajusta à procura, se não procurar o plástico, talvez os produtores comecem a levar isso em conta.

* Pondere se vai consumir os legumes embalados dentro de poucos dias, para evitar o desperdício. Se não tiver escolha, ou se optar mesmo pela versão embalada, tenha o cuidado, em casa, de os desembalar e acondicionar em frio ou seco (consoante o tipo de produto), sem esquecer de fazer a triagem necessária para o ecoponto.

* Se puder pesar diretamente na caixa e forem poucas unidades, poderá fazê-lo sem recorrer a saco ou acondicionar as peças num saco fino. Outra opção já possível em alguns estabelecimentos é levar o seu próprio saco

Fonte: Jornal Económico

Foto: A Castiça | Mercearia Biológica