Sistemas de vigilância e de mecanismos de resposta em bioterrorismo alimentar

FOTO: CHAIIYANANUWATMONGKOLCHAI/ PIXABAY

A Saúde Pública numa situação de Bioterrorimo Alimentar exige o estabelecimento de sistemas de vigilância e de mecanismos de resposta, e constituem-se como uma preocupação dos órgãos do Estado e da sociedade em geral. Esta situação apela à necessidade de criar canais de comunicação e sistemas de coordenação.

Os sistemas de fornecimento alimentares tornaram-se mais complexos e mais extensos atingindo em muitos casos a escala global. As mudanças na produção, processamento, distribuição e venda de alimentos ocorrem num contexto de crescente expansão do comércio internacional, aumento do número de viajantes e alterações nas preferências dos consumidores. Ao longo das cadeias logísticas alimentares “do prado ao prato” e no fornecimento de água são identificáveis pontos de vulnerabilidade que permitem que os alimentos e a água possam ser corrompidos por via acidental ou intencional.

Devido à enorme multiplicidade de perigos alimentares existentes, a prevenção de cada um de forma individual não é viável, existindo a necessidade de desenvolver sistemas de resposta que incluam mecanismos de vigilância. Os perigos biológicos representam uma ameaça singular: invisível, silenciosa e potencialmente devastadora. O combate a essa ameaça exige um esforço coordenado entre países, com investimento em investigação, sistemas de alerta precoce, formação de profissionais de saúde e campanhas de sensibilização pública.

Entre as ameaças emergentes, o bioterrorismo destaca-se como uma preocupação global. Apesar do seu potencial devastador, a concretização de um ataque biológico com um número significativo de vítimas continua a ser tecnicamente desafiadora. Além dos desafios técnicos, a maioria das organizações terroristas não sobrevive tempo suficiente para alcançar um nível avançado de armamento não convencional.

Embora ataques bioterroristas de larga escala exijam sofisticação tecnológica além das capacidades da maioria das organizações terroristas, ataques de pequena e média escala são mais prováveis e representam uma preocupação real. A contaminação de alimentos e água é uma das estratégias mais eficazes, dada a facilidade de disseminação e o potencial de atingir grandes populações rapidamente. Além disso, a alta rotatividade de trabalhadores no setor alimentar aumenta a vulnerabilidade a entrada de indivíduos mal-intencionados, que podem explorar fragilidades nos processos de produção e distribuição.

A biotecnologia moderna introduz novos desafios à biossegurança, especialmente devido a três fatores interligados: a globalização e o comércio internacional, que dificultam o controlo de equipamentos de uso duplo; o amplo acesso a informação científica, permitindo que conhecimento antes restrito circule livremente; e a formação crescente de profissionais qualificados, ampliando as aplicações pacíficas, mas também aumentando o risco de usos ilícitos.

A biologia sintética levanta preocupações adicionais, pois permite a recriação de agentes biológicos sem a necessidade de acesso a amostras originais, agravando os riscos de proliferação biológica digital e dificultando a vigilância epidemiológica. Diante desse cenário, a evolução tecnológica, aliada às vulnerabilidades existentes, exige regulamentação rigorosa, vigilância contínua e estratégias robustas de segurança para mitigar potenciais ameaças à saúde pública e à segurança nacional. (...)

Autores: Pedro Tomás Silva1,
Tenente-Coronel Médico Veterinário
Inês Lavado Gomes
Major Médica Veterinária
Leia o artigo completo na TecnoAlimentar 44, julho/ setembro 2025, dedicada ao tema "Frescos: reduzir do desperdício"

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