A transformação logística na indústria alimentar

FOTO FRANK MCKENNA/ UNSPLASH
A entrada da Grande Distribuição em Portugal, há mais de 40 anos, veio revolucionar a Logística como a conhecíamos, com forte impacto em toda a Cadeia de Valor da Indústria Alimentar.
De um mercado pulverizado de pequenos espaços comerciais, assente sobre modelos de negócio de tradição familiar, passamos para espaços de grande oferta e diversidade de produtos e lógicas de abastecimento mais rápido e exigente. A complexidade instalou-se com a explosão de novos artigos, inundando a indústria e toda a cadeia de abastecimento de novos e em maior número de produtos finais, mas também dos respetivos constituintes, incluindo os materiais de embalagem para produzir, armazenar e movimentar.
As regras do negócio alteraram-se irreversivelmente e a Logística emergiu como uma função estratégica na indústria alimentar, tendo sido elevada de um nível mais operacional para o nível das áreas mais tradicionais de produção e comercial.
O cumprimento de janelas de entrega exigentes, a produção de marcas próprias da distribuição e a pressão negocial com impacto na redução de custos operacionais trouxe novos desafios a uma indústria tradicional já a braços com regras e regulamentação de higiene e segurança alimentar e de rastreabilidade ao longo da cadeia, bem como com as dificuldades da sazonalidade e incerteza associadas a matérias-primas de origem natural.
Do lado da procura, o forte contexto promocional originou flutuações significativas e complexidade acrescida ao planeamento e eficiência das operações industriais e logísticas. O comércio eletrónico e a presença omni-canal levaram a que operações vocacionadas para contentores e paletes tivessem que ser ajustadas a entregas capilares, de última milha, de produtos unitários.
A Cadeia de Abastecimento Alimentar respondeu com o re-desenho e a automação de processos e operações, alterações organizacionais, introdução de tecnologia e integração de sistemas de informação com clientes e fornecedores. Numa indústria em geral pressionada por margens relativamente baixas, este percurso foi desafiante, duro e transformador.
Do ponto de vista da logística, a indústria absorveu e adotou práticas mais características de outras Cadeias de Abastecimento, como operações de cross-docking, gestão de paletes e contentores em pool, modelos de abastecimento near-JIT, backhauling no transporte para responder às necessidades de maior velocidade, sem, no entanto, penalizar a eficiência operacional (...)
Leia o artigo, na íntegra, na TecnoAlimentar nº 43, abril/ junho 2025 dedicada ao tema "Desafios na logística na indústria alimentar"
Autora Gisela Santos, Diretora da área de Gestão e Engenharia Industrial do INEGI – Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial
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