A produção de bolotas, um mercado com potencial
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Christina Genet
Com 1.200 mil hectares de quercíneas no seu território, Portugal poderá tornar-se um ator significativo no desenvolvimento do uso da bolota. Este fruto esquecido, de elevado valor nutricional, pode regressar ao centro das atenções como alternativa alimentar sustentável.
Enquanto tenha feito parte integrante da dieta humana durante séculos, a bolota é atualmente utilizada sobretudo para alimentação animal. O fruto da azinheira e do sobreiro poderá, no entanto, revelar-se um aliado precioso no desenvolvimento de alternativas alimentares sustentáveis, afirma a associação Food4sustainability. Em 2019, Portugal produziu cerca de 400 mil toneladas de bolotas, segundo o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), o que demonstra o seu potencial neste mercado emergente.
Quem quiser provar os sabores da bolota e beneficiar do seu valor nutricional ainda subestimado deve respeitar algumas regras: a União Europeia apenas autoriza atualmente o consumo humano de algumas espécies, nomeadamente o Quercus robur e o Quercus rotundifolia. O primeiro está autorizado como suplemento alimentar e o segundo para uso alimentar geral.
O Quercus rotundifolia, também conhecido como azinheira, é uma espécie nátiva em Portugal, especialmente presente nos Montados do Alentejo. No total, 36% da área florestal portuguesa – ou seja 1.200 mil hectares – é ocupada por quercíneas, segundo a Food4sustainability, organização dedicada à inovação na produção alimentar sustentável. No entanto, o seu uso na dieta humana continua a ser uma excessão.
Metade da produção nacional de bolotas permanece no solo, contribuindo para a regeneração natural dos ecossistemas e sustentando uma biodiversidade rica. A restante parte serve sobretudo de alimento à raça suína alentejana ou à fauna selvagem. Apenas cerca de 1% é transformado em farinha. Outras possíveis utilizações da bolota incluem a produção de substitutos de café, óleos, cosméticos ou bioplásticos.
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