Redução do Desperdício de Pescado Fresco: desafios, oportunidades e o papel do B2E CoLAB

  • 22 setembro 2025, segunda-feira
  • Consumo

FOTO ART_OF_PBOESKEN/ PIXABAY

O desperdício alimentar continua a ser um dos maiores entraves à sustentabilidade dos sistemas agroalimentares. Em 2022, geraram-se na União Europeia (UE) 59 milhões de toneladas de desperdício alimentar, equivalentes a 131 kg por habitante.

O pescado, pela sua elevada perecibilidade, exibe taxas particularmente preocupantes de perdas ao longo da cadeia de valor. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) estima que cerca de 35% do pescado capturado globalmente nunca chegue ao prato do consumidor. Para além de significar ineficiências económicas, este fenómeno representa emissões evitáveis de gases com efeito de estufa, desperdício de recursos marinhos limitados e perda de rendimentos ao longo da cadeia de valor.

Mesmo com esforços concertados, as perdas de pescado na UE mantêm-se elevadas. A plataforma EU Fusions indicava já em 2016 valores na ordem das 6–8% do volume colocado no mercado a nível retalhista. Entre 2007 e 2014, a compensação europeia para a retirada de peixe do mercado totalizou 51386t, equivalendo a 6432t/ano que não foram consumidas.

O relatório 2024 do World Economic Forum aponta para 23,8 milhões de toneladas de pescado comestível desperdiçado em 2021, cerca de 15% da produção global. O EUMOFA 2024 assinala que, embora o consumo médio europeu se situe nos 23,51?kg/hab./ano, países como Portugal e Espanha, grandes consumidores, concentram também maiores volumes absolutos de desperdício. Em boa verdade, Portugal, país com o maior consumo per capita de pescado da UE (54,54 kg em 2022), pode estar perante uma oportunidade face ao desperdício: mesmo uma redução marginal nas perdas em etapas críticas – captura, primeira venda, transporte refrigerado ou retalho – podem vir a resultar em ganhos significativos de sustentabilidade e competitividade. 

Quando analisamos as possíveis fases onde o pescado é desperdiçado, conseguimos perceber que algumas etapas na cadeia de valor são críticas. Desde logo, a pós-captura e primeira venda podem acarretar perdas, já que, por um lado, o manuseamento a bordo por vezes é inadequado (e.g.: ausência de gelo ou atraso na evisceração acelera a ação de enzimas e proliferação de microrganismos); por outro lado, podem ocorrer descartes de espécies sem valor comercial ou abaixo do tamanho regulamentar, apesar das restrições da Política Comum das Pescas. Já nas fases de logística, processamento/transformação e distribuição, têm sido identificadas ruturas na cadeia de frio, i.e., falhas energéticas ou má calibração de unidades frigoríficas que podem elevar a temperatura >4°C, reduzindo a vida útil em 30–50%; há também reporte de eventual excesso de stocks no retalho por previsão de procura insuficientemente ajustada. (...)

Por Maria Coelho
Coordenadora Técnico-Científica do
B2E CoLABCQM

Leia o artigo completo na TecnoAlimentar 44, julho/ setembro 2025, dedicada ao tema "Frescos: reduzir do desperdício"

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