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Revista TecnoAlimentar

Vírus Schmallenberg é endémico em rebanhos de ovinos no centro de Portugal

 “O vírus Schmallenberg circula em elevadas altitudes e é endémico em rebanhos de ovinos no centro de Portugal, incluindo em rebanhos com movimentação restrita”, revelou uma investigação de doutoramento em Ciências Veterinárias de Fernando Esteves, apresentada na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). 

Detetado pela primeira vez, em 2011, no estado da Renânia do Norte-Vestfália da Alemanha, em amostras de sangue de bovinos, foi encontrada evidência da circulação em Portugal, do denominado vírus de Schmallenberg (SBV), que se transmite por mosquitos e afeta especialmente os animais ruminantes, com consequências fatais nos recém-nascidos.

Para se conhecer a epidemiologia do vírus Schmallenberg em Portugal, refere o investigador, “um dos principais objetivos consistiu em realizar um estudo serológico para estimar a presença de imunoglobulina G contra esse vírus em ovinos, consistindo tal, numa amostragem aleatória estratificada nas cinco regiões de Portugal continental (Norte, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Alentejo e Algarve)”.

Uma atenção especial foi dada à circulação do SBV na região da Serra da Estrela, uma área geográfica de elevada altitude e baixa temperatura, fatores hostis á circulação do inseto responsável pela transmissão da doença, sendo que o estudo permitiria aferir da eventual circulação do vírus nestas condições. A investigação serológica prospectiva envolveu 168 ovelhas distribuídas por 42 rebanhos registados oficialmente como detentores de animais da raça Serra da Estrela, demonstrando-se, segundo o investigador, que “o vírus Schmallenberg circula em elevadas altitudes e é endémico em rebanhos de ovinos no centro de Portugal, incluindo em rebanhos com movimentação restrita”.

Para se aferir do nível de importância da circulação de SBV em rebanhos de ovinos serra da Estrela, desenhou-se uma investigação serológica longitudinal de dois anos, usando amostras de leite de tanque de 68 explorações. Foi observada uma diminuição da seroprevalência com 92,6% das amostras de leite de tanque positivas em 2015 e, 77,9% em 2016 (p = 0,027).

As diferenças observadas ao nível dos rebanhos, nos valores de seroprevalência de 2015 e 2016 parecem estar de acordo com os dados observados em outros países europeus, em que após um comportamento epidémico de disseminação do vírus, se seguiu uma diminuição do número de infeções provocadas por SBV, o que nos deixa um sério alerta para o risco de uma futura reemergência do vírus.