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Revista TecnoAlimentar

Vinhos Verdes: «a grande batalha de hoje é ganharmos valor»

Conhecer o noroeste de Portugal é descobrir a região do Vinho Verde, berço da conhecida casta Alvarinho e produtora de vinhos de lote únicos. A região, que conta com 15.000 produtores, comemorou em 2008 o centenário da sua demarcação. No dossier dedicado aos vinhos verdes, publicado na edição impressa n.º 10 da TecnoAlimentar, o Presidente da Comissão Executiva da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), refere que o que mais o preocupa «é a renovação da vinha, da qual muito necessitamos». Manuel Pinheiro considera que é essencial «valorizar a ligação sociocultural da agricultura e do vinho» e afirma que a CVRVV investe 3 milhões de euros/ano entre mercado nacional e externo.

Entrevista: Ana Clara | Fotos: CVRVV

manuel pinheiro

TecnoAlimentar: Olhando hoje para a região, que diferenças encontramos entre o valor económico que atualmente ela representa e o que valia há 10/20 anos?

Manuel Pinheiro: Não hesito em afirmar que é uma região irreconhecível, que tem sabido fazer uma revolução tranquila mas profunda. Os vinhos são diferentes, a viticultura mudou, a vocação para o mercado é completamente diferente. É uma região mais internacional também. Não é isenta de problemas, claro. Mas está a fazer o seu percurso com um rumo claro.

TA: Que radiografia faz da evolução da região dos Vinhos Verdes hoje, em 2017 e quais as potencialidades e oportunidades que ela encerra?

MP: Julgo que a capacidade da região em fazer vinhos únicos, vinhos que o cliente claramente afirma como sendo distintos, tem sido a nossa base de posicionamento. Naturalmente que isso não basta: a grande batalha de hoje é ganharmos valor, ou seja subirmos em segmentos de mercado. Queremos manter e desenvolver o nosso segmento de entrada que, aliás, é o líder nas exportações de brancos portugueses, mas além disso estamos a trabalhar na introdução de segmentos mais valorizados como sejam as castas e de seguida as subregiões, com destaque aqui para Monção e Melgaço, a origem do Alvarinho.

TA: Qual o perfil do produtor de vinho verde hoje?

MP: Temos mais de 15.000 produtores, pelo que é um perfil difícil de definir. Há, é certo, o viticultor tradicional, muito ligado ao território, que faz uma pequena quantidade de uva, que vende ou entrega na cooperativa e ainda faz com a família uma pequena quantidade de vinho para consumo doméstico. Temos orgulho neste perfil e não o escondemos. Há que valorizar esta ligação sociocultural da agricultura e do vinho. Porém, certamente, há novos produtores que são muito profissionais, têm em regra algumas dezenas de hectares e gerem a vinha de modo muito profissional. Os novos produtores, sobretudo algumas quintas estão a construir um portfolio de produtos com vinhos para vários segmentos, sendo que no topo se encontram as castas, geralmente loureiro e o alvarinho, e por fezes o espumante.

TA: «O Vinho Verde é hoje a Região do País que melhor remunera as uvas brancas e não irá deixar de o ser tão cedo». A frase é sua no editorial do “Boas Vinhas”, publicação da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes. Ainda o é?

MP: Na última vindima, o preço médio da uva deverá ter estado próximo dos 43 a 45 cêntimos/quilograma. Muito loureiro foi pago dez cêntimos acima disso e o alvarinho com sabemos acima de 1 euro. A valorização da uva é um processo longo, não decorre de imediato nem por decreto. Mas está a acontecer e deve continuar para incentivar o plantio. Hoje um viticultor, que seja eficaz, contendo custos, tendo alguma dimensão e produtividades consistentes na casa das 9 toneladas/hectare, tem uma margem muito interessante.

(Continua)

Aceda ao artigo na íntegra na edição n.º 10 da edição impressa da Revista TecnoAlimentar.

Solicite a edição ou a assinatura através do seguinte email: marketing@tecnoalimentar.pt.

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