Relatório Anual 2024 do Marine Stewardship Council
A procura de produtos do mar sustentáveis mantém-se estável apesar da difícil conjuntura económica
O apoio dos retalhistas e dos consumidores à pesca e aos produtos do mar sustentáveis permanece resiliente, apesar da atual crise do custo de vida a nível mundial, de acordo com o mais recente Relatório Anual do Marine Stewardship Council (MSC), Liderança na Pesca Sustentável, publicado hoje.
O número de pescarias envolvidas no programa do MSC aumentou de 674 em 2022-23 para 716 em 2023-24. Em conjunto, capturaram 15,48 milhões de toneladas, ou seja, 19,3% do total de capturas marinhas selvagens em 2023-24. Atualmente, e à escala global, 75% das capturas comerciais de peixe branco, 91% das capturas comerciais de salmão e mais de metade das capturas comerciais de atum participam no programa do MSC.
No espaço de um ano até março de 2024, foram vendidas 1,2 milhões de toneladas de produtos do mar com o selo MSC, representando um valor total de venda a retalho de 13,4 mil milhões de dólares. É de salientar o forte crescimento particularmente do mercado nos EUA (5,2%), França (5,8%) e Itália (10,3%), bem como na Polónia (15,7%) e na Europa Central (9,7%). Na Ásia, por sua vez, as vendas aumentaram 35% na Coreia do Sul e 20% na China.
As atitudes dos consumidores em relação à sustentabilidade ambiental são um fator importante para este crescimento. O relatório apresenta em pormenor um estudo independente sobre a perceção dos consumidores, encomendado pelo MSC em 2024 a Globescan. Este estudo mostra que os consumidores estão mais preocupados do que nunca com a saúde dos oceanos. Dos 20 000 consumidores de produtos do mar inquiridos, quase metade (48%) afirmaram estar preocupados com a sobrepesca e dois terços afirmaram querer proteger o oceano. Cada vez mais pessoas estão a mudar os seus hábitos alimentares por razões ambientais e um quarto deles (27%) afirmou que consumiria mais pescado no futuro se soubesse que não estaria a prejudicar os oceanos.
Rupert Howes, Diretor Executivo do Marine Stewardship Council, afirmou: “Apesar das difíceis condições económicas do último ano, assistimos a uma notável resiliência e estabilidade no setor dos produtos do mar sustentáveis. Tal não teria sido possível sem a liderança e o empenho contínuos do setor das pescas e a determinação do mercado em continuar a satisfazer a procura crescente de produtos do mar sustentáveis por parte dos consumidores.
Os últimos dados das Nações Unidas dão conta de um aumento das unidades populacionais sobre-exploradas e de uma redução dos desembarques globais de unidades populacionais geridas de forma sustentável. Infelizmente, as tendências estão a caminhar na direção errada. Com a ameaça acrescida das alterações climáticas – que já afetam a saúde das unidades populacionais de peixes e os padrões de migração – é vital que redobremos os nossos esforços para gerir as pescarias a nível mundial de forma sustentável, a fim de salvaguardar os oceanos, a sua biodiversidade e o fornecimento de produtos do mar para as gerações futuras.”
O novo relatório do MSC descreve o impacto da organização durante o ano passado e inclui dados sobre as pescarias e algumas das melhorias que estas efetuam para preservar o ambiente marinho. O total de melhorias documentadas realizadas pelas pescarias MSC desde o início do programa foi de 2362, até 31 de março de 2024. Estas incluem medidas como a modificação das artes de pesca e a melhoria dos conhecimentos para reduzir o impacto da pesca nos ecossistemas e nas espécies não alvo.
Além disso, o Ocean Stewardship Fund (OSF) do MSC concedeu mais de 1,67 milhões de dólares em subvenções em 2023. O OSF apoia as pescarias no seu caminho para a sustentabilidade e financia e promove a investigação e a inovação para melhorar o desempenho e reduzir os impactos. Até à data, concedeu mais de 6,43 milhões de dólares.
As pescarias que foram certificadas segundo o Padrão de Pesca do MSC contribuem para a concretização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, em particular o ODS 14, e ajudam a enfrentar a crescente pressão sobre os nossos oceanos.