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Revista TecnoAlimentar

Queijos de Portugal postos à prova em Tondela para escolher os melhores

Chegou na passada sexta-feira (21 de outubro) ao fim a 8ª edição do Concurso Queijos de Portugal, um evento organizado pela Associação Nacional da Indústria de Laticínios (ANIL).

Trata-se de um concurso considerado uma referência nacional que premeia, ano após ano, o que de melhor se faz na área da indústria de laticínios.

Há oito anos a ANIL começou com 57 queijos a concurso, este ano a organização atingiu um novo recorde com 206 queijos em 20 categorias, avaliados por 20 provadores, revelou a assessora técnica da ANIL.

Maria Cândida Marramaque sublinhou que o objetivo deste tipo de concursos «visa fomentar o desenvolvimento da indústria queijeira, promover e divulgar o queijo nacional de qualidade, criando um maior reconhecimento e valorização deste produto junto do consumidor».

Nesta competição os provadores começam por provar e avaliar queijos frescos, depois passaram para os queijos mais apaladados, que são os queijos ilha.

«Digamos que a prova segue um critério e um percurso gradual em termos saturação do paladar, ou seja, dos mais suaves para os mais fortes».

«Por isso é que temos 20 categorias: queijos frescos, requeijões, queijos flamengos, queijos de ovelha, queijos de cabra, queijos de leite de mistura, os queijos ilha e temos ainda uma categoria muito interessante que é a categoria dos novos sabores que são queijos que têm uma adição de alguma substância, ou ingrediente específico que lhes confere um sabor muito distinto e personalizado. Temos ainda os queijos para barrar, que ultimamente, também têm aparecido muito no mercado e que têm tido uma boa aceitação em termos do concurso por parte das empresas concorrentes», explicou Maria Cândida Marramaque.

No concurso “Queijos de Portugal’2016” estão 58 empresas a concorrer, enquanto o ano passado estiveram presentes 47.

«Nós tínhamos queijos bons e agora temos queijos muitíssimo bons e de qualidade de excelência, mais constantes e que evoluíram em termos de categoria, ou seja, temos mais variedade exposta no nosso mercado», referiu a representante da ANIL.

O selo é a garantia de que se trata de um produto de elevada qualidade, que surge nos rótulos e reconhecido por um júri muito abrangente constituído por várias pessoas do ensino, da investigação, da análise sensorial da indústria de laticínios da distribuição que como conhecedor reconhece aquele produto com características específicas.

Cada uma das 20 categorias vai ter um queijo vencedor e duas menções honrosas. Existem categorias que têm 13 ou 16 queijos a concurso e outras que têm mais. No final, apenas três queijos vão ter maior visibilidade devido à distinção que lhes é atribuída. São os queijos mais procurados comercialmente por parte do consumidor. Embora todos os queijos sejam contemplados com diplomas.

Atualmente a indústria apresenta produtos mais diferenciados e a prova disso é que se verifica que o consumo de queijo per capita subiu ligeiramente e de forma sustentável.

A ideia da ANIL é que o queijo possa fazer parte integrante da dieta alimentar dos portugueses e que também faça parte dos momentos de convívio dos apreciadores.

Zulmira Lopes, do Instituto Nacional de Investigação Agrária Veterinária (INIAVE), considerou este tipo de concursos «muito importantes», porque se há um painel de avaliadores, «a ideia é que se valorize um lote de queijos que seja representativo de um ano e de um modo de produção, porque cria confiança no consumidor que muitas vezes vai às cegas comprar o produto».

Segundo Zulmira Neves, na avaliação de um queijo «o primeiro impacto do avaliador vai para o seu aspeto exterior que é a imagem imediata que se tem de um queijo e logo a seguir é o ponto de seleção e de convite ao prazer de comer».

A especialista do INIAVE adiantou ainda que aprecia «os sabores limpos, bem claros muito característicos do queijo, da raça e do modo de produção».

«Se for um queijo da serra, de cabra, de ovelha ou de vaca, terá que ter um sabor idêntico ao que o consumidor lê no rótulo e não a outro que possa defraudar quem comprou».

Já Pedro Louro, Investigador no INIAVE, destacou a evolução que se verificou ao longo dos últimos anos «no sentido da diversificação da oferta do mercado e, portanto, de uma maior diversidade de queijos que gradualmente vêm sendo apresentados pelas nossas empresas».

Numa segunda vertente da nossa indústria de queijaria «noto que tem havido uma margem de progressão em termos de uma maior qualidade, mas cada vez mais a qualidade vem melhorando e isso significa que as coisas estão a evoluir num sentido positivo», disse.

O investigador do INIAVE entende que “o nosso consumo começa a ter necessidade de informação e de esclarecimento relativamente às características dos produtos para serem associados a certos aspetos da qualidade, alguns transversais a todos os queijos e outros, que têm a ver com algumas particularidades de fabrico e das matérias-primas.

“O meu sentido de consumidor confunde-se muito com o sentido profissional. Gosto de todos os tipos de queijos. Não gosto, como consumidor de forma igual de todos os queijos mas tenho uma tendência para os avaliar arrumados por grupos porque acho que nós não devemos exigir aos produtos aquilo que não nos podem dar, porque simplesmente não foram feitos para suprir um determinado conjunto de características, antes têm as suas características próprias com que foram elaborados de acordo com o seu potencial e é aí que a informação deve passar para o consumidor”.

A cerimónia de entrega de prémios do Concurso Queijos de Portugal terá lugar no Centro de Congressos de Lisboa, no decorrer do Encontro Com o Vinho e os Sabores 2016, entre os dias 11 e 14 de novembro.

Fonte: Jornal do Centro