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Revista TecnoAlimentar

Produtores no Reino Unido com vendas em colapso

Saída do país da União Europeia, associada à recessão gerada com a pandemia, está a afetar as exportações do comércio britânico, sobretudo os produtores de whisky, queijo ou chocolate. Noutros bens, como salmão ou carne bovina, as quebras de vendas ao exterior são superiores a 90%.

Alimentos

Os produtores ingleses de whisky, queijo e chocolate estão a sofrer as maiores perdas de exportação no pós-Brexit no sector de alimentos e bebidas, segundo revelam os números anuais do indicador HMRC (Her Majesty Revenue Customs, o departamento do governo britânico responsável pela coleta de impostos).

Em janeiro de 2021, as exportações de queijo no Reino Unido caíram de 45 milhões para sete milhões de libras, enquanto as de whisky baixaram de 105 milhões para 40 milhões de libras, de acordo com os dados divulgados pela Food and Drink Federation (FDF). Também as exportações de chocolate sofreram uma redução abrupta, passando de 41,4 milhões para apenas 13 milhões de libras, numa redução de 68%.

O colapso do comércio britânico é atribuído a uma combinação do Brexit com uma procura mais fraca na Europa devido à pandemia de covid-19, com restaurantes, hotéis e outros estabelecimentos turísticos a permanecerem fechados, segundo aponta o "The Guardian".

As exportações de outros bens britânicos, como salmão e carne bovina, quase pararam, com quedas de 98% e 92%, respetivamente. No geral, o comércio de pescado, em parte graças à proibição total da exportação de alguns moluscos vivos, caiu 79% no Reino Unido.

Os números anuais da federação britânica seguem-se aos dados do Office for National Statistics (ONS), reiterando que o comércio entre o Reino Unido e a UE foi duramente atingido em janeiro, com as exportações gerais a caírem 40,7% em janeiro, em comparação com dezembro, e coincidindo no momento em que o subcomité da UE da Câmara dos Lordes expressou uma profunda preocupação com a paralisação do comércio gerada pelo Brexit.

Exportações para Alemanha e Itália caíram 85% e 81%

«Estamos consternados por o nosso sector agroalimentar estar a enfrentar tantos atritos comerciais», salientou Lord Teverson, presidente do subcomité, num novo relatório que será publicado esta terça-feira. A FDF adiantou que a rota comercial mais atingida foi a da Irlanda, que perdeu o lugar como maior mercado de exportação para a Grã-Bretanha, e que baixou de 18% em janeiro de 2020 para 5% no mês homólogo deste ano. As quebras das exportações britânicas para Alemanha e Itália ficaram logo atrás - 85% e 81%, respetivamente.

Para a Food and Drink Federation (FDF), além da crise da pandemia, «grande parte» da queda do comércio britânico deve-se a novas barreiras não tarifárias que atingiram os produtores mais pequenos de maneira particularmente forte. Os números do instituto britânico de estatística, divulgados há alguns dias, mostraram que as exportações de bens do Reino Unido para a UE caíram 40,7% em janeiro, a maior queda mensal no comércio britânico em mais de 20 anos. E os dados mais recentes do HMRC revelam que o sector agroalimentar tem sido um dos mais afetados no Reino Unido, com novos controles e requisitos de certificados sanitários, uma barreira significativa ao comércio.

O governo britânico tem dito que o comércio entre o Reino Unido e a UE foi atingido pela pandemia e por problemas de adaptação das empresas às novas regras alfandegárias, o que espera que venha a melhorar com o tempo. Como justificou um porta-voz da administração de Boris Johnson, «houve uma combinação única de fatores, incluindo stocks no ano passado, bloqueios com a covid em toda a Europa, e as empresas ajustando-se ao nosso novo relacionamento comercial, que tornou inevitável que as exportações para a UE fossem menores em janeiro deste ano».