Norte produz chá envelhecido em pipas de Vinho do Porto e já voa para Macau
Uma ex-jornalista e um produtor de vinhos no Norte de Portugal criaram um chá envelhecido em barricas de Vinho do Porto cujos primeiros 40 quilos da produção já voam para Macau, na Ásia.
O amor uniu uma ex-jornalista e um produtor de vinhos no Norte de Portugal e o resultado foi a criação do primeiro chá afinado em barricas de Vinho do Porto cuja produção já voa para Macau, na Ásia. Os primeiros 40 quilos de chá Oolong, uma categoria entre chá preto e chá verde, que estagiaram durante seis meses em pipas de vinho do Porto com várias décadas, estão a ser exportados a partir de uma herdade em Fornelo, no concelho de Vila do Conde.
Pequenas caixas de madeira onde cabem 75 gramas daquele produto biológico oriundo da Ásia, começaram recentemente a ser exportadas do Norte de Portugal para várias lojas biológicas e ‘gourmet’ de todo o país e também para Macau, região administrativa especial da República Popular da China e uma ex-colónia portuguesa.
Cada caixa de madeira com aquele chá especial, batizado de Pipa Chá, custa 19 euros, conta à agência Lusa a ex-jornalista alemã Nina Gruntkowski, 42 anos, que chegou a Portugal há uma dúzia de anos trazida “por amor” e hoje criou a empresa Chá Camélia em Fornelo, com cerca de dois hectares de extensão, onde se está a produzir para além de chás especiais, o primeiro chá verde em Portugal Continental.
O Pipa Chá deve ser preparado com água a 90 graus centígrados, deve-se deixar repousar no bule “durante três minutos” e a planta aguenta três infusões sem perder qualidade, descreve a responsável pela criação do chá com travo a vinho do Porto.
«O meu marido [Dirk Niepoort] tem uma empresa de vinho do Porto e usamos as pipas pequenas do vinho da Niepoort para estagiar o chá Oolong e afinar mais o gosto do chá», conta Nina, assinalando que conseguiram realizar o «casamento perfeito entre dois sabores, o do chá e o vinho».
Nina Gruntkowski descreve que o Pipa Chá, quando chega à boca, sente-se um «sabor um ligeiro a chá preto», com aromas «complexos de frutos secos e taninos delicados», para depois, e no final, ficar uma “nota prolongada de vinho do Porto ‘tawny’, bem velho, porque as pipas eram utilizadas para colheitas velhas, explica.
O Pipa Chá tem dois momentos mais adequados para ser degustado, embora se possa beber ao longo de todo o ano. Um dos momentos é o «clássico chá à tarde, que pode ser bebido só ou com um bolo ligeiro, como o pão de ló» e o outro momento é no «fim de jantar», em substituição do Vinho do Porto, ou antes deste, aconselha a especialista, antiga repórter de uma rádio alemã e que realizou reportagens pelo mundo inteiro.
Atualmente, o chá Oolong, que é afinado nas pipas de Vinho do Porto, é importado de plantações biológicas da China e Taiwan, principalmente de uma plantação biológica da família Morimoto, situada na ilha mais a sul do Japão, perto da cidade de Miyazaki,
«Gostamos mesmo desta qualidade de chá por encaixar tão bem com os sabores do Vinho do Porto», confessa aquela apreciadora de chá e gestora da Chá Camélia, empresa que tem o objetivo de produzir um «chá verde de alta qualidade de estilo asiático». Segundo Nina, este ano realizaram uma segunda colheita experimental de chá verde ‘made in’ Portugal Continental e percebeu-se que a qualidade que sai do terreno de Fornelo é “muito boa”.
«Para o ano, vamos ter a primeira colheita em maior escala», garante a antiga jornalista, que fez reportagem pela Namíbia, Moçambique, África do Sul e Brasil antes de se entregar à cultura do chá, mas só daqui a cinco anos, altura em que todas as plantas tiverem o tamanho certo para serem recolhidas, é que vai ser possível quantificar a produção.
Como um último conselho, Nina lembra aos consumidores de chá que a ‘golden drop’ (gota de ouro), a última deitada pelo bule, deve ser partilhada com os convidados.
Fonte: Lusa
Foto: JN