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Revista TecnoAlimentar

Muuu: a startup que quer avaliar fraudes de vacas

muuu

Criar uma startup é ver um projeto “morrer e renascer cem vezes” até chegar a um produto.

«É ligarem-te às sete da manhã ou às nove da noite a dizer que querem trabalhar e que alguma coisa não funciona». Assim foi com a startup fundada por Miguel Lupi e João Gomes, em 2015, que quer, no fundo, «avaliar fraudes de vacas como se avalia uma fraude bancária». O que é que isto significa?

A Faarm vende «transparência alimentar», através de uma plataforma – a Muuu -, na qual, através de um clique, se pode conhecer o animal que deu o leite que está a beber ou a pessoa que ordenhou esse animal.

«Ao mover uma vaca de uma exploração para outra é preciso dizer para onde vai e de onde veio. E nós criámos uma rede de explorações, onde depois resolvemos outros problemas, que melhoram o planeta», refere Miguel Lupi, ao Observador."

Na Muuu, já é possível conhecer “centenas” de produtores e «mais de dez mil animais (gado bovino)» registados na plataforma online, gratuita, que está prestes a ficar disponível no Brasil, adianta o cofundador da startup, sem revelar números concretos.

A Faarm está incubada na Startup Lisboa e lançou a primeira plataforma a 15 de março de 2016.

Na Europa, todas as compras e vendas de animais, do nascimento à morte, têm de ser registadas, desde a doença das vacas loucas em 1998. O que a Faarm fez foi construir um sistema de análise de atividades em cima do já existente, que analisa «todas as atividades pecuárias com os animais. Todos os maneios, alimentação e tratamentos, compras e vendas», explica Miguel Lupi.

Na prática, programadores ou os próprios utilizadores podem introduzir esses dados na plataforma. A Muuu analisa e compara-os com todos os referenciais de certificação e sustentabilidade do mundo, classificando cada exploração com um rating (uma nota) de boas práticas e informando depois onde é que cada produtor pode vender os seus produtos.

Apesar dos avanços tecnológicos e do desenvolvimento da Internet, o líder da Faarm acredita que as explorações agrícolas estão ainda muito focadas na produção, ignorando «uma das principais formas de valorização dos seus produtos: o marketing e o desenvolvimento de uma marca».

Por isso, a Faarm decidiu criar um departamento de marca e de marketing agrícola em cada exploração. Depois da introdução dos dados do animal (origem, alimentação, medicamentos, abate), é gerada uma página na internet onde cada produtor pode mostrar o seu rating e colocar conteúdo do dia a dia: fotografias dos animais, da equipa, dos produtos que vendem, onde é que os consumidores podem encontrá-los.

Em Portugal há cerca de 1,4 milhões de cabeças de gado. O Brasil, por exemplo, tem 220 milhões, e não tem um sistema de rastreabilidade. A startup está, por isso, a preparar a entrada no Brasil. A Faarm recebeu, até ao momento, um investimento de 145 mil euros. Arrancou com capital próprio de cerca de 30 mil euros. Em setembro de 2016, com a vitória no Startup Lisboa Boost, teve acesso a 100 mil euros da Caixa Capital.

Fonte: Observador