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Revista TecnoAlimentar

Mercado de cervejas contra as expetativas

A categoria de cervejas demonstrava, em 2019, um ambiente altamente dinâmico e ocupava um lugar de destaque: foi a mais valiosa nos Bens de Grande Consumo, com uma receita global de 1 529 milhões de euros e 482 milhões de litros vendidos.

Cervejas

Por: Tiago Aranha, Client Development Manager da Nielsen

Estes resultados, que espelham uma realidade pré Covid-19, estavam diretamente relacionados com uma maior disponibilidade entre os consumidores portugueses para o consumo fora de casa, associado a atividades de lazer. A realidade é hoje anómala, já que atravessamos um contexto que está a transformar o comportamento de compra do consumidor e que trará efeitos ainda totalmente por precisar.

Estabilidade em contexto de pandemia

Perante uma situação de disrupção nos hábitos de consumo, e ao contrário do que aconteceu nos canais de INCIM, o mercado das cervejas não se ressentiu nos canais de retalho, tendo até crescido 10% em valor e volume, no ano móvel terminado a 9 de agosto de 2020.

Analisando especificamente os períodos de armazenamento e quarentena (semanas 9 a 18), as cervejas apresentam, nos canais de retalho, um crescimento de 5% em valor e de 6% em volume – uma performance ligeiramente abaixo da verificada no último ano móvel, mas acima da de 2019 (+2%), podendo levar à conclusão que houve algumas transferências de consumo de fora para dentro de casa, desde que começou a pandemia.

O facto de se encontrarem em quarentena não parece ter impedido os portugueses de terem à sua mesa produtos a que estão habituados e que consideram imprescindíveis.

Uma reorientação para o consumo em casa

Neste contexto de mudança e adaptação, os consumidores estão a procurar reequilibrar os seus estilos de vida, uma reorientação que obrigará marcas e retalhistas a procurarem novas oportunidades. O consumo em casa foi conduzido por distintas necessidades, que os consumidores procuraram encontrar em diferentes tipologias de produtos.

Exemplo desse equilíbrio está na relevância do fator “preço” para os produtos básicos e dos benefícios e da experiência associados aos produtos premium, principalmente para categorias de socialização (habitualmente muito consumidas fora de casa), que foram altamente impactadas no consumo fora do lar e agora precisam de se reinventar, criando novos momentos de consumo agora dentro dos lares.

Na categoria de cervejas esta dinâmica é visível na procura de formatos de embalagem de grande dimensão de marcas habituais versus a compra de sidra e cervejas ditas artesanais e diferenciadas.

O impacto indefinido de um verão atípico

A sazonalidade desempenha, tradicionalmente, um papel significativo no consumo de cervejas, algo que se prende essencialmente por fatores como melhores condições climatéricas, períodos de férias, maior propensão ao consumo e turismo.

Não é ainda percetível em que medida os condicionamentos associados ao consumo de bebidas alcoólicas integradas no estado de contingência que experienciamos, nomeadamente a limitação do horário de venda de bebidas alcoólicas nos canais de retalho, terão um impacto negativo neste habitual momento forte de consumo na categoria.

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Tecnoalimentar 25

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