Congresso FIPA: reformulação agroalimentar prevista não trava crescimento
Inovação, empreendedorismo, digital e economia circular foram os temas centrais do sétimo Congresso da FIPA (Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares), que se realizou a 25 de junho no Convento do Beato, em Lisboa.
Na foto: Jorge Tomás Henriques, presidente da FIPA
Texto: Ana Catarina Monteiro / Lusa
A indústria agroalimentar portuguesa voltou a trocar ideias no encontro anual da FIPA. “O futuro na alimentação” foi o mote para a edição deste ano, realizada após o setor se ter comprometido, perante o Governo, a reduzir o teor de sal, gordura e açúcar em 11 categorias de produto até 2023.
"Esperamos que, para o nosso setor em particular e após os compromissos de reformulação, fique definitivamente afastada, no próximo Orçamento do Estado, a ameaça de impostos especiais ao consumo e que haja vontade política de eliminar o imposto discriminatório que foi aplicado às bebidas refrescantes", salientou Jorge Tomás Henriques, presidente da FIPA, na abertura do congresso.
A redução do teor de sal, açúcar e gordura incide sob mais de 2 mil produtos e vem implementar na indústria nacional um plano de reformulação que exige mais investimento e investigação.
Estas medidas surgem num contexto em que “as escolhas dos consumidores têm um papel fundamental” para a indústria, considera o secretário de Estado da Defesa do Consumidor, João Torres, que assumiu também a palavra durante o evento. Além do impacto na saúde, “corresponder aos desafios impostos pela escassez de recursos e alterações climáticas” estão também entre as principais preocupações para o setor, explica o secretário de Estado.
O mesmo responsável destacou ainda uma disponibilidade "inequívoca" do Governo para a criação de um diálogo entre os vários envolvidos na cadeia agroalimentar, no sentido de trabalhar na superação dos desafios do setor, que apresenta uma "importância estratégica na dinamização da economia nacional".
Entretanto, o Governo anunciou já a abertura de quatro novos concursos para financiamento de projetos de Investigação & Desenvolvimento Colaborativa, com incentivos que “podem chegar aos 100 milhões de euros”.
Faturação sobe para 17 mil milhões após recorde de exportações
João Torres sublinhou, ainda durante o congresso, que o setor agroalimentar "tem vindo a registar um dinamismo crescente e uma boa 'performance' tanto no mercado nacional como nos mercados internacionais". Palavras que se comprovaram com os números apresentados pela FIPA, a qual estima para 2019 um crescimento da faturação deste setor para os 17 mil milhões de euros de faturação este ano. Valor que se compara com os cerca de 16 mil milhões de euros registados em 2018.
De acordo o presidente da FIPA, as exportações devem absorver uma fatia de cinco mil milhões de euros do volume de negócios previsto, sendo a indústria agroalimentar portuguesa composta por “mais de 11 mil empresas e responsável por cerca de 115 mil postos de trabalho diretos e 500 mil indiretos”.
As previsões otimistas surgem após um ano em que as exportações de produtos alimentares e de bebidas portuguesas atingiram “o valor mais alto de sempre”. Segundo a FIPA, em 2018 as vendas para o exterior atingiram os 5016 milhões de euros, que representam uma subida de 3.1% face a 2017.
O setor agrolaimentar é responsável por 8,66% das exportações portuguesas efetuadas no ano passado. Segundo a FIPA, Espanha voltou a destacar-se entre os principais destinos das exportações do setor, representando cerca de 25%, seguindo-se o mercado francês, com uma quota de 9%, e o brasileiro, com 6%. Azeite, leite e produtos lácteos e vinho continuam a ser os produtos com mais peso na vendas para o estrangeiro.
Constituída em 1987, a FIPA integra 14 associações, 15 das maiores empresas do setor e oito parceiros como sócios aderentes.