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Revista TecnoAlimentar

Digitalização no setor alimentar

Texto por: Carla Barbosa¹, ², ⁴ Manuel Rui F. Alves¹, ², ³

¹ Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade, Instituto Politécnico de Viana do Castelo (CISAS – IPVC)

² Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (LAQV-REQUIMTE-FMUP)

³ Diretor da Revista TecnoAlimentar

⁴ Subdiretora da Revista TecnoAlimentar

A digitalização pode proporcionar inúmeros benefícios na maior parte das indústrias, e em particular no setor alimentar (alimentos e bebidas), que tem um conjunto muito próprio de desafios, mas também de oportunidades. Cada empresa de alimentos ou bebidas é diferente, e são já várias as empresas que estão a adotar com sucesso a digitalização e a caminhar para uma Indústria 4.0 e, podem ser ótimos exemplos a seguir. A digitalização do setor alimentar pode ser vista como uma transformação complexa e financeiramente difícil. Mas, esta revolução digital do setor, que se impõe, tem-se mostrado vantajosa a vários níveis. 

Neste dossier abordam-se algumas vertentes da sua aplicação. Desde o controlo dos processos, rastreabilidade e garantia da segurança alimentar dos produtos à sustentabilidade na utilização de recursos, energéticos e matérias-primas, sem esquecer a personalização de alimentos em termos de formas, cores e composição nutricional e ainda o e_retalho (ecommerce).

Para poupar o meio ambiente da marcha de degradação, cada vez mais acelerada, e economizar custos há uma premente necessidade de otimizar e coordenar processos industriais de grande escala. No entanto esta é, claramente, uma tarefa desafiadora. As unidades industriais são complexas, constituídas por várias operações unitárias, que integram os seus processos, operados com diferentes sistemas de controlo, mesmo sendo a maior parte processos interdependentes. Frequentemente, a otimização destes sistemas de controlo requer a adequada integração das diferentes operações, quer nos processos contínuos quer nos processos em batch. Para tal os sistemas de informação, plataformas de comunicação devem ser programados recorrendo ao conhecimento sobre os processos produtivos, sobre dados históricos e com apoio de modelos matemáticos para gerir os processos e, numa fase avançada de implementação, permitir a previsão.

OTIMIZAÇÃO E CONTROLO DOS PROCESSOS

A Euromonitor revelou que o top five das tendências, deste ano, estão orientadas para a tecnologia e irão redefinir o setor alimentar, sobretudo no retalho. Foram identificadas cerca de 4,7 mil milhões de utilizadores de internet que corresponde a cerca de 60% da população mundial. Cerca de 89% dos stakeholders do setor inquiridos pela Euromonitor esperam que os consumidores avaliem as empresas pela sua capacidade de fazer chegar os seus produtos via aquisição online, sobretudo nesta era pós-pandemia. Isto faz com que as empresas sintam a responsabilidade de chegar ao consumidor por esta via para se manterem no topo das tendências de consumo. A revolução digital tem vindo a transformar a indústria alimentar, promovendo a adoção de tecnologias de vanguarda para assegurar rastreabilidade, transparência e análise de dados, a tendência para a inteligência artificial, que na verdade é a inteligência dos dados. As tecnologias digitais, de hoje, representam uma grande oportunidade para os produtores de alimentos melhorarem a eficiência, evitar problemas graves no processamento e, claro, atender à crescente demanda de informação e transparência que os consumidores cada vez mais atentos usam na sustentação das suas opções de compra. 

Da agricultura de precisão à tecnologia de sensores para inspeção da qualidade dos alimentos, à total rastreabilidade do fluxo de ingredientes na produção de alimentos e distribuição (smart logistics), a digitalização será essencial para alavancar e revolucionar o setor.

Da personalização ao e-commerce: Tendências que moldam as estratégias tecnológicas

O fluxo de informação é rápido e os consumidores, autoridades, associações, marketeers entre outros são igualmente rápidos a levantar questões que tanto podem elevar uma marca como afetá-la muito negativamente. As empresas que monitorizam e analisam os dados produzidos, conseguem reagir rapidamente para evitar e/ou minimizar ocorrências que, caso não fossem detetadas atempadamente, poderiam pôr em risco um lote, uma produção e numa situação mais grave a imagem da sua marca. A digitalização transformará todos os players da cadeia de valor, desde fornecedores de matérias-primas, serviços auxiliares e energia, operações fabris até ao retalho, e ainda, o serviço de alimentos (restauração e catering, hotelaria, entre outros).

Continue a ler este artigo na Tecnoalimentar nr.33.