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Revista TecnoAlimentar

Deolinda Silva: «Devemos reforçar a imagem de Portugal enquanto país produtor de excelência»

A diretora executiva da PortugalFoods acompanhou, ao longo da sua carreira, mais de uma centena de projetos de investigação, desenvolvimento e inovação no setor agroalimentar, sendo uma especialista na área. Nesta entrevista, Deolinda Silva explica-nos o trabalho desenvolvido pelo Cluster do setor agroalimentar nos últimos anos, bem como os projetos para o futuro.

Deolinda Silva PortugalFoods

Texto Sofia Cardoso Fotos PortugalFoods

Tecnoalimentar: Poderia contar-nos um pouco sobre o seu percurso até chegar à PortugalFoods e realizar uma definição do objetivo da entidade?

Deolinda Silva: Estou na PortugalFoods há quase três anos, no entanto, é uma entidade que acompanho desde a sua criação e cuja evolução acompanhei sempre de muito perto. Se por um lado, a minha formação de base foi em Engenharia Alimentar, pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica Portuguesa, por outro lado a minha área de atuação, antes da PortugalFoods, traduziu-se em mais de 20 anos em contacto com o setor. Integrei a equipa do Instituto de Desenvolvimento Agrário da Região Norte (IDARN), mais concretamente na implementação e gestão de um programa integrado de I&D, algo pioneiro na altura, uma vez que decorriam os anos 90 e I&D em consórcio era ainda uma miragem.

Em seguida estive na Agência Nacional de Inovação (ANI), concentrada, sobretudo, na gestão de projetos de I&DT, onde pude lidar com empresas, entidades de ensino superior e centros de I&D, criando uma rede que em muito enriqueceu o meu conhecimento do setor e dos seus principais atores.

A PortugalFoods, enquanto Cluster do setor agroalimentar, incorpora e potencia o interface universidade-empresa, contribuindo para a valorização económica do conhecimento, gerando inovação e contribuindo para o aumento da competitividade das empresas no mercado nacional e internacional.

TA: De momento, a PortugalFoods conta com quantos associados? Quais são as áreas mais proeminentes?

DS: A PortugalFoods tem cerca de 160 associados. Para além de 12 instituições de ensino superior e centros de I&D, a maioria são empresas que abrangem todo o território nacional. Temos representadas várias categorias de produto como a carne e produtos cárneos como a charcutaria, as conservas, os laticínios, bebidas (vinhos, cervejas, chá, café, água, sumos de furta, entre outros) snacks doces e salgados, azeite, microalgas, bolachas, cereais de pequeno-almoço, massas, arroz.

Não podemos destacar áreas mais proeminentes, mas podemos afirmar que a variedade de produtos representados é cada vez maior. Temos também vários associados de áreas complementares à indústria alimentar como a embalagem, segurança alimentar, certificação, análise sensorial, entre outras.

TA: Quais são os projetos  com maior destaque atualmente?

DS: Para além dos projetos que apoiam a promoção externa das empresas e de projetos na área da mobilização do conhecimento científico e tecnológico, a PortugalFoods liderou um projeto para a criação de um Laboratório Colaborativo que culminou na criação do Colab4Food – Laboratório Colaborativo para a Inovação da Indústria Alimentar.

O Colab4Food tem como sócios fundadores um grupo de empresas e de Universidades, pretendendo ser uma estrutura capaz de dar resposta expedita aos desafios científicos e tecnológicos colocados pela indústria, através da alocação de recursos humanos altamente qualificados. Através do desenvolvimento de projetos balizados numa agenda estratégica de investigação e inovação e através da criação de uma rede nacional e internacional e da prestação de serviços diferenciadores, esta entidade será fulcral no apoio à modernização e inovação do setor.

TA: O ECOTROPHELIA, uma iniciativa da PortugalFoods em Portugal, tem potenciado o aparecimento de grandes ideias. Como vê o futuro deste projeto?

DS: O Prémio ECOTROPHELIA Portugal funciona como uma incubadora de ideias eco inovadoras para o setor agroalimentar que promete revelar talentos – futuros profissionais do setor. Trata-se de uma iniciativa de cariz europeu, uma vez que está inserido no Prémio Ecotrophelia Europa, que conta com a participação de 17 países. Em três edições nacionais, conta já com a participação de mais de 250 estudantes, de mais de 45 cursos/áreas de conhecimento e de mais de 25 entidades do ensino superior, tendo sido desenvolvidos 52 produtos.

Dinâmica esta que, naturalmente, contribuiu para a atribuição do Alto Patrocínio da Presidência da República, demonstrando o reconhecimento da importância desta iniciativa enquanto catalisador da inovação e empreendedorismo no setor agroalimentar nacional. Com esta iniciativa, queremos estimular a cooperação entre o tecido académico e as empresas e a integração do ensino no tecido empresarial, esperando contar com cada vez mais estudantes a desenvolver os seus projetos e com ambição de os ver valorizados pelo mercado.

Apesar de uma participação no Ecotrophelia Portugal e a participação da equipa vencedora na competição europeia ser, desde logo, uma experiência única e de grande mais valia para o currículo de cada um dos participantes, ambicionamos ver um projeto proveniente de uma equipa portuguesa, trazer uma distinção de eco inovação alimentar, ao nível do Ecotrophelia Europa.

Continua

Nota: Artigo publicado originalmente na Tecnoalimentar 23.

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